A Bahia escreveu mais uma importante página da sua História com a realização da sessão especial na Assembleia Legislativa que devolveu simbolicamente o mandato aos 13 deputados estaduais baianos cassados pela ditadura militar. A avaliação é do governador Jaques Wagner, que participou da solenidade realizada na data que marca os 50 anos do golpe militar de 1964, 31 de março.

Governador da Bahia no evento promovido pela Comissão Especial da Verdade. | Foto: Manu Dias/GovBA

Governador da Bahia no evento promovido pela Comissão Especial da Verdade. | Foto: Manu Dias/GovBA

“Acho que foi um ato muito importante, pelo olhar de futuro que isso dá. Foi uma página de História. Além de devolver o mandato, o que é mais importante é dar mais uma lição de democracia para dizer: ditadura nunca mais, opressão nunca mais, cerceamento à liberdade nunca mais; aos direitos políticos e à liberdade de imprensa, nunca mais”, fala o governador a seus ouvintes do programa semanal ‘Conversa com o Governador’. Wagner conheceu de perto o terror dos chamados ‘anos de chumbo’.

Na solenidade realizada na Assembleia Legislativa da Bahia, foram devolvidos simbolicamente os mandatos aos deputados estaduais Diógenes Alves (cassado em 28/04/1964), Ênio Mendes de Carvalho (28/04/1964), Sebastião Augusto de Souza Nery (28/04/1964), Wilton Valença da Silva (19/10/1966), Hamilton Saback Cohim (13/03/1969), Luiz da Silva Sampaio (01/07/1969), Marcelo Ferreira Duarte Guimarães (13/03/1969), Osório Cardoso Villas Boas (01/07/1969), Aristeu Nogueira (19/10/1964), Luiz Leal (01/07/1969), Octávio Rolim (1964), Oldack Neves (março de 1969) e Padre Palmeira (1964).

“Considero que foi um ato nobre da Assembleia Legislativa da Bahia, com a presidência do deputado Marcelo Nilo. O deputado Marcelino Galo foi quem pensou nisso. O ato foi muito bonito. Inclusive hoje no plenário tinha muitos jovens de escolas de Salvador. É lógico que essa devolução abranda a dor de todos os familiares – porque muitos já não estão entre nós – e da própria pessoa que foi violentada por um ato ilegítimo, na medida em que o governo militar não foi um governo da democracia, não foi eleito pelo povo, foi um governo que rasgou a lei, a Constituição e cassou o presidente João Goulart, que foi eleito pela maioria do povo brasileiro”, comenta.

Jaques Wagner lembra que “faz 29 anos que retornamos à democracia, depois do movimento militar de 1964. Mas essa juventude que, felizmente, já nasceu sob a democracia, precisa saber também e se preparar, porque eles serão os futuros dirigentes da nação. Precisam saber que essa flor da democracia é a mais importante de tudo, porque sem democracia nós não temos nada”.