O Japão ocupou o Parque de Exposições de Salvador, neste final de semana, apresentando aos baianos o que de melhor se faz no país oriental. O X Festival da Cultura Japonesa reúne desde elementos milenares, como a dança e o bonsai, até a vanguarda dos cosplay e da tecnologia. Além de espaço comercial, as atividades são divididas em dois palcos, o Haru, com programação voltada para as manifestações artísticas, e o Natsu, destinado a workshops e demonstrações de artes marciais.
Quézia Farinelli e a filha Gabriela, 11 anos, foram com amigas visitar a feira. “Hoje a globalização aproxima muito o mundo inteiro, as crianças têm acesso a videogames, a gente acaba conhecendo outros países, outras culturas, e isso é muito importante”. Gabriela disse que fez compras e viu roupas diferentes. “Ali tem uma palestra falando do sumô, conheci os games e a forma de cultivar as plantas”. Yasmin Rodrigues, amiga de Gabriela, também gostou. “A palestra de sumô é diferente, gostei das roupas, gostei de tudo”.
A contabilista Sônia Tanan disse que todo ano visita a feira. “Somente da família tem umas 15 pessoas aqui hoje. Têm o palco, os cosplay, a praça de alimentação, os games. Vieram crianças de 7 anos e, nós, que temos mais de 40 anos. Todo mundo se diverte e é maravilhoso a gente prestigiar”.
O coordenador geral do evento, João Koji, confirma – tem programação para todas as idades. “Sabemos que a Bahia é o terceiro estado brasileiro em número de descendentes de japoneses. Sem a ajuda do Governo do Estado não teríamos um evento deste porte e, sendo no Parque de Exposições, o público vem crescendo a cada ano. O baiano já está apreciando principalmente a culinária. Este ano cresceu em 20% a quantidade de restaurantes e lojas”.
Culinária e massoterapia
Outro destaque do Festival é a oferta gastronômica variada, com cardápio tradicional da culinária japonesa. Vinte restaurantes oferecem opções como sushi, tempurá, udon, lamén, entre outros pratos. Jocélia Fidelis oferece um prato diferente. “Tempurá de sorvete é uma massa que a gente coloca em volta do sorvete para fritar em óleo quente. A massa fica douradinha, quente, e o sorvete dentro continua gelado”.
O massoterapeuta e professor de artes marciais, Daniel Lino, 52 anos, aprecia a cultura oriental e almoçou um prato típico japonês chamado ‘família feliz’, que mistura carne, camarão e legumes. Ele demonstra habilidade com o hashi, os famosos palitos que substituem o garfo. “A comida oriental é muito apetitosa, gosto muito. A cultura oriental vem agregar aos nossos os valores do oriente, que é um povo um pouco mais espiritualizado. Tanto as artes marciais, as técnicas de massagem, tudo isso é uma arte que os ocidentais deviam aprender para se controlar mais”.
Sathi Takaeshida também é massoterapeuta, mas não está visitando a feira, e sim trabalhando. Ela explica que o Shiatsu é uma massagem japonesa que utiliza os pontos da acupuntura pressionando com os dedos. “Shi quer dizer dedos e atsu é pressão. A gente tira nódulos causadores de dor. Nesta feira, as pessoas podem vir conhecer não apenas o Shiatsu, mas toda a cultura japonesa. Nós aguardamos essa data o ano inteiro e trazemos um pouquinho do que o Japão tem para oferecer – cultura, culinária, filosofia e inclusive a massagem”.
Bonsai, roupas e cosplay
Ricardo Leal cultiva e vende bonsais. “É uma arte milenar que nasceu na China e foi difundida para o mundo pelo Japão. É preciso conhecer o cultivo, as espécies, a forma de poda das raízes e dos galhos. Uma planta dessas, para ficar legal, demora de três a cinco anos. É um hobby, uma arte e uma terapia também”.
A baiana Jessica Torres, 25, comprou um kimono na parte comercial da feira. “Eu sempre gostei da cultura japonesa, é algo que tenho paixão, um dia quero viajar ao Japão. Este festival é lindo, a gente pode conhecer um pouco mais. Esse kimono é para ser utilizado em ocasiões especiais, para ir com o marido em um restaurante japonês”.
A comerciante paulista Márcia Vaz tem um estande de roupas orientais e todos os anos vem a Salvador. “Quem procura essas roupas são pessoas apaixonadas pelo Japão. Elas querem sentir, vestir, ficam felizes por trazermos estes produtos. É uma oportunidade também para nós, empresários desta área, que podemos aproveitar esse amor pela cultura japonesa, com produtos não facilmente encontrados nas lojas comuns”.
Mas se a roupa típica do Japão parece diferente, nada se compara aos personagens de games e animes que ganham vida e transformam o Parque de Exposições em uma tela de pixels. A cosplay Mary Helen Mendes, 17, transformou-se na personagem ‘Caitlyn’, do game League of Legends. Ela tem na ponta da língua a história do seu hobby. “A cultura do cosplay nasceu no Japão quando foi lançado o jogo Mário Bross. Houve um evento de revista e as pessoas foram vestidas como os personagens. É legal porque a gente pode viver nosso personagem por um dia”.