Mais uma da série Salvador, 466 anos… ‘O patrimônio arquitetônico da ‘Cidade da Bahia’ ainda respira graças a sonhado projeto de indústria cultural’…
Defensores da tão sonhada revitalização do Centro Antigo soteropolitano, região celeiro do nascedouro da cidade do Salvador, patrimônio da humanidade, tinham a expectativa de um up grade de valorização, lá nos idos de 2011, devido ao advento da Copa do Mundo FIFA 2014. O mundial está aí, na porta, há menos de nove dias, e nada ocorreu que impactasse a reestruturação do local que abriga riquezas culturais, históricas e arquitetônicas. Um desses patrimônios é o Trapiche Barnabé, antigo armazém localizado no bairro do Comércio, Cidade Baixa. Há quase dez anos um grupo de empresários tenta revitalizar o lugar, com o objetivo de instalar um centro de produção áudio-visual.
O que impede a revitalização do prédio histórico e de toda essa região da cidade, na opinião de Diana Gurgel, diretora do Trapiche Pequeno, é a falta de decisão política e consciência de valorização dos bens históricos, por parte da população. “É difícil entender como aqui na Bahia não temos o costume de valorizar as riquezas históricas. Essa região é belíssima, a Baía de Todos os Santos é incrível, não tem um dia que ela tenha a mesma cor”, divaga. Arquiteta argentina, há quase 40 anos na Bahia, Gurgel aposta na mudança de olhar sobre aquela região da cidade, para um princípio de reestruturação.
O Trapiche Pequeno é o primeiro prédio da capital baiana com energia eólica gerada no próprio local. Os idealizadores fizeram um investimento na ideia de indústria cultural para o lugar, que abriga 20 empresas do ramo de áudio-visual, mas também um conceito de utilidade. Na revitalização do prédio foram reutilizados elementos antigos, como o piso de madeira e as janelas. O empreendimento iniciou em 2010 a recuperação da fachada do Trapiche Barnabé.
O Centro Antigo de Salvador (CAS) tem uma área total de 7km2 e é composto pelo Centro Histórico (reconhecido pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade), Centro, Barris, Tororó, Nazaré, Saúde, Barbalho, Macaúbas, parte do espigão da Liberdade, Comércio e Santo Antônio Além do Carmo. Possui uma população com cerca de 80 mil habitantes (dados do IBGE).
Já a Cidade Baixa abriga a Baía de Todos os Santos, a zona portuária, com a maior movimentação de contêineres do Norte-Nordeste do país e segundo maior exportador de frutas do Brasil, o Mercado Modelo, o Forte São Marcelo, a Marina da Contorno, os Trapiches e a Feira de São Joaquim.
Bairro do Comércio
Segundo dados do Escritório de Revitalização do Comércio, há cerca de dez anos o investidor privado apostou e “teve respostas”. Cerca de 98% dos prédios da região, antes ociosos, já foram ocupados, com uma valorização de 600% do preço de mercado. Considerado um dos principais polos gastronômicos da cidade, o bairro possui 60 restaurantes ativos, mil empresas abriram escritório no local, há cerca de 200 lojas, que geraram 25 mil novos empregos, foram instalados também 25 call centers, sete faculdades e uma Companhia de Polícia.