Ao fundo, a linha do horizonte, divisa entre o céu e o mar. Em primeiro plano os primeiros barquinhos, ornados com flores e mística fé… “Odoiá!”. Com essa saudação, admiradores da ‘rainha do mar’ reverenciam a orixá, durante a tradicional entrega de oferendas nas águas do mar do Rio Vermelho, em Salvador, na Festa de Iemanjá, como de costume desde 1923, todo dia 02 de fevereiro. Considerado um dos festejos dos mais bonitos e concorridos do calendário de festas populares da Bahia, que reúne turistas e baianos, segundo informações do governo do estado, cerca de 200 mil pessoas circularam no bairro durante todo o dia.
Com roupas e adereços azuis e brancos, as cores de Iemanjá, o público enfeita as ruas do Rio Vermelho, dando um tom especial às belezas naturais de um dos bairros mais boêmios da capital baiana. Fé, agradecimentos, pedidos e promessas, muitos são os motivos que levam os devotos para a Festa de Iemanjá. Nem o sol forte que predomina na capital baiana espantou o público das homenagens à orixá.
Aos 80 anos, a soteropolitana Edna Teixeira contou que, desde criança, costuma apreciar a entrega do presente no Rio Vermelho e mostrou que a idade não é impedimento. “Sempre venho porque gosto de ver esta movimentação, muita gente alegre e animada. Já dei uma olhada, fiz a minha parte e agora volto para casa”.
Participando pela primeira vez da festa, a gaúcha Noedi Muller, 63, se mostrou bastante comovida com a manifestação popular. “Eu tinha ouvido falar, mas ver esta devoção de perto é muito lindo. Já entreguei meus presentes e agora estou aqui, admirando a movimentação do povo”. Para a paraense Hozana Amorim, que já conhece a festa, a homenagem à orixá reflete bem a cultura de Salvador.
Flores, espelhos, perfumes, joias e pentes são alguns dos presentes oferecidos pelos devotos. Uns preferem deixar os agrados pessoalmente nas águas do mar, outros fazem questão de ficar na fila para colocar os presentes nos balaios que são levados pelos pescadores para longe da costa. A austríaca Carina Qappeloayr, 38, pela primeira vez na Bahia, resolveu encarar a extensa fila para deixar sua oferenda. “Mesmo com esse sol forte, estou adorando e achando tudo muito lindo”.
O ritual das oferendas segue a seguinte programação: Os presentes são recebidos até as 15h30 e, por volta de 16h, os pescadores realizam a procissão marítima, que é o ponto alto da festa. Cerca de 700 balaios são transportados em quase 300 embarcações para serem colocados em alto mar. Quando o presente volta para a praia, diz a tradição que Iemanjá rejeitou a oferenda. Mas, normalmente, ela aceita todos os agrados. Os presentes são depositados a cerca de seis quilômetros da costa, no ponto chamado Buraquinho de Iaiá.
*Com informações da Secom/GovBA