“Eu, Ana Claudia Arantes, diante de uma situação de doença grave em progressão e fora de possibilidade de reversão, apresento minhas diretrizes antecipadas de cuidados à vida. Se chegar a padecer de alguma enfermidade manifestamente incurável, que me cause sofrimento ou me torne incapaz para uma vida racional e autônoma, faço constar, com base no princípio da dignidade da pessoa e da autonomia da vontade, que aceito a terminalidade da vida e repudio qualquer intervenção extraordinária, inútil ou fútil. Ou seja, qualquer ação médica pela qual os benefícios sejam nulos ou demasiadamente pequenos e não superem os seus potenciais malefícios.” (Veja – Edição 2.286 de 12/09/12 – ano 45, 37 – pág. 99)

O parágrafo acima é um exemplo de testamento vital, instrumento de vontade de paciente terminal, pelo qual o mesmo registra o tratamento que deseja quando a morte é iminente. Esta manifestação de vontade foi acolhida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) através do art. 41 do Novo Código de Ética Médica, normatizando para os casos de doença incurável e terminal, ser dever do médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas. Tal procedimento médico é conhecido como ortotanásia, que diferentemente da eutanásia, não prevê a interrupção da vida do paciente, mas estabelece uma série de preocupações, como a utilização dos cuidados paliativos, para garantir a morte digna.

Foto: Reprodução

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A Dessomática é a especialidade da Conscienciologia aplicada aos estudos dos contextos físicos da dessoma (morte biológica, descarte do corpo físico) e dos contextos conscienciais, psicológicos, sociais, médico-legais e das múltiplas dimensões relacionados com a desativação do soma ou corpo humano. Pela Dessomática esta nova postura do CFM é um avanço para a desdramatização do fenômeno da morte em nossa sociedade, que por desconhecimento da natureza multidimensional da humanidade, alimenta medo quanto a este fato natural, mero processo do descarte do corpo físico, marco do regresso do espírito ao seu local de origem, as dimensões com realidades que não são físicas. Após o descarte do corpo bilógico, a consciência (espírito, alma, id, ego) permanece existindo através de outros dois corpos extrafísicos de manifestação (psicossoma – corpo das emoções; mentalsoma – corpo do discernimento e das ideias).

Optar lucidamente por uma morte digna, sem sofrimentos físicos ou psicológicos, é postura inteligente e amenizadora do trauma fisiológico extrafísico derivado da mudança de dimensão causado pela morte biológica, tratado inicialmente pelo sono extrafísico, período de repouso restaurador do equilíbrio mental e emocional da pessoa. A morte planejada também ajudará no processo de desapego de objetos, pessoas e demais interesses intrafísicos fixadores da consciência nesta dimensão, condição desfavorável ao melhor desempenho da consciência nas dimensões não físicas.

Segundo a Projeciologia, a prática da Projeção Consciente (PC), também conhecida como experiência fora do corpo ou desdobramento, é útil para a conscientização de nossa realidade extrafísica e para redução do medo da morte (tanatofobia), uma vez que esta experiência nos permite vivenciar a realidade pós mortem, ou a vida depois da vida em toda a sua plenitude.

Nas relações da Projeciologia com a Tanatologia ocorrem quatro fenômenos assemelhados, no desenvolvimento dos quais surgem projeções conscienciais lúcidas, podendo essas ser inseridas nas experiências na fronteira da morte biológica (dessoma). O primeiro deles é a experiência da quase morte (EQM), evento quase fatal, experiência da morte física do soma, iminente ou projeção acidental forçada. É uma ocorrência projetiva, involuntária ou forçada por circunstâncias humanas críticas. Os projetores são normalmente acidentados, ex-doentes terminais e sobreviventes da morte clínica.

A experiência da pseudomorte, morte aparente ou provisória; ou ainda morte clínica com retorno é outra experiência que traz o mesmo efeito. É uma ocorrência projetiva involuntária ou forçada por circunstâncias críticas vivenciada por sobreviventes da morte clínica, pacientes não-terminais e ressuscitados clinicamente de acidentes diversos.

Ainda há a projeção ou saída do corpo antefinal, uma experiência no leito da quase morte que tem como características a ocorrência projetiva, involuntária ou forçada por circunstâncias humanas críticas. Ocorre em pacientes terminais, inclusive crianças. Por último, a projeção do adeus, uma experiência vivida por indivíduos agonizantes que aparecem aos amigos e parentes antes de morrer.

A morte não é o fim de uma única existência, mas o recomeço de um ciclo, denominado ciclo multiexistencial pessoal, que acontece milhares de vezes ao longo do processo evolutivo do ser humano.

 

*Por Anibal Bentes – servidor público estadual, pesquisador, docente e voluntário do Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia (IIPC), instituição de educação e pesquisa científica, laica, sem fins de lucro, que objetiva estudar a consciência humana e todas as formas de sua manifestação, incluindo as bioenergias e o parapsiquismo. 

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