Série revivendo boas histórias da estrada! Nessas férias de janeiro, o Bahia na Lupa rememora reportagens antigas de alguns roteiros de viagem por nosso imenso território baiano. Gente, lugares, comidas, costumes…
A chegada foi suave, mas custosa, difícil, requereu desprendimento. Mas quem foi que disse que chegar ao paraíso é algo fácil? Boipeba, remota e bela ilha do arquipélago de Tinharé, no Baixo Sul da Bahia, foi o destino do Pé na Estrada durante o carnaval de 2015. Cercada de singularidades, belezas naturais e boas histórias de sua intrépida gente, o lugar deu origem a uma série especial, em quatro partes. Acompanhe a primeira aventura…
Partindo de Salvador, em dias normais, a distância até Boipeba não é tão longa – fazendo a travessia pelo ferry-boat, seguindo pela BA-001, de Bom Despacho/Itaparica até Valença, são cerca de 2h50 e 134km. Em dias normais! Como o carnaval é uma festa do contraditório, há quem ame, há quem fuja dele, a travessia de ferry é uma ‘sofrência’ só, como diria o Pablo do arrocha.
Um caminho alternativo foi a nossa escolha. De Salvador, pegando as BRs 324 e 101, via Santo Antônio de Jesus, depois seguindo para Nazaré, Valença e, o ‘pulo do gato’: Graciosa – pequeno distrito há 12km de Valença, no qual há um cais com travessias de lanchas rápidas para Boipeba, menos aglomeradas que na sede.
Foram umas 4h30 de viagem, de carro, cerca de 300km, mais 35 minutos [por R$ 35 por pessoa] de travessia até o paraíso. Antes, uma espera de quase duas horas. É que as lanchas têm saídas escalonadas – chegamos em Graciosa pouco depois das 11h e embarcamos às 13h. A não ser que o viajante queira pagar mais caro, em torno de R$ 200 para fretar uma lancha exclusiva.
No paraíso…
O sacrifício compensa! A primeira praia de Boipeba, logo no porto, a Boca da Barra, é a mais badalada. Cercada da beleza natural singular do lugarejo, há também uma infinidade de pousadas, bares e restaurantes que servem de guarida para os frequentadores. As águas cristalinas, contudo, são o melhor abrigo.
Mas, o maior atrativo da Boca da Barra talvez seja o pôr do sol. Não há como não ficar estonteado com tamanha beleza. É de passar horas, como diz a canção de Vanessa da Mata, sentado, “gastando o mar”.
O lugar é preservado, por estar dentro de uma área de proteção ambiental (APA). O sossego é igualmente marcante. Carros não são permitidos. Transitam apenas pessoas, calçadas ou não, bicicletas, cavalos e carroças e os tratores credenciados – geralmente os que fazem a limpeza urbana, mais para dentro da vila de pescadores, na Matança, Areal…
Boipeba vem do tupy “mboi pewa“, que significa “cobra chata”, uma referência a tartaruga marinha de onde se originou o nome do lugar. Não há agências bancárias na ilha, mas a maioria dos estabelecimentos comerciais aceitam cartões de crédito e débito. Sinal de celular é outra dificuldade, apenas uma operadora funciona razoavelmente. Apesar disso, alguns estabelecimentos disponibilizam internet wifi para seus usuários.
Cairu é o município que administra Boipeba, o mesmo que gere a badalada Morro de São Paulo. A ilha de Boipeba fica entre o oceano e o estuário do Rio do Inferno. É, sem dúvidas, um roteiro ideal para quem foge das badalações e estresse da vida urbana.
[Continua…]