Série revivendo boas histórias da estrada! Nessas férias de janeiro, o Bahia na Lupa rememora reportagens antigas de alguns roteiros de viagem por nosso imenso território baiano. Gente, lugares, comidas, costumes…
A badalação da Boca da Barra ia aos poucos ficando para trás. O cenário se intensificando em beleza extrema. Um misto de mata e praia era um deleite ao olhar. Garças isoladas adornavam o ambiente. O destino do Pé da Estrada, na segunda reportagem da Série Especial ‘O paraíso Boipeba’, é a bucólica Praia da Cueira, um dos predicados da ilha.
Após uns 15 minutos de caminhada à beira mar, pela areia, chegamos à Praia de Tassimirim, caminho para a Cueira – os moradores do lugarejo, “nativos”, como alguns costumam nomear, ‘agarantem’ que essa trilha é a melhor. Muita “boniteza” pra se ver. Têm razão.
Pousadas com espreguiçadeiras à sombra de frondosas amendoeiras são um chamariz à maresia. Ficar ali, dia inteiro, “gastando o mar”, recarregando as vibes positivas que emanam daquele lugar é o convite ideal… Mas há mais encantos pela frente. Então seguimos adiante.
O trajeto pela praia é interrompido por uma trilha, mata a dentro. Por ela, volta e meia, dá para ver o cotidiano da vida marinha, da natureza. Mariscos encalhados, peixes desfalecidos, talvez pegos pelas armadilhas das marés, sendo abocanhados por famintos urubus.
Em meio à mata insólita, um bondinho panorâmico que leva hóspedes às alturas, onde se encontra uma requintada pousada. Privilégio para poucos. Umas das mais variadas opções de Boipeba, que vai de pernoites a preços módicos em simples pousadas, às mais caras e primorosas, isoladas, diria assim.
Mais um tempo pela trilha, e muito suor, desbocamos em outra porção da bela costa litorânea de Boipeba. Estamos há mais uns 20 minutos de Cueira. Mas, para que pressa? A riqueza natural do lugar nos faz desacelerar.
A brisa, o cheiro daquele mar é algo incomum. Não se ‘olfateia’ em qualquer lugar quão singular odor. É um casamento perfeito: mata, praia, mar, sons e sensações. A Cueira se aproxima.
No primeiro momento, nova badalação. Umas três barradas de praia bem estruturadas servem de porto seguro para lanchas e barcos que trazem turistas de forma mais rápida. Com cinquentinha no bolso é possível pagar o transporte. Mas a trilha reserva detalhes mais amiúde desse cartão postal.
Mais uns 10 minutos após esse ponto badalado da Praia da Cueira, o visitante tem uns tantos quilômetros de praia ornada por um gigantesco coqueiral, semideserta, para escolher onde aportar.
Há barraquinhas que servem pastéis de lagosta, água de coco e baratíssimas lambretas. Pasmem frenquentadores dos botecos da orla de Salvador: custa R$ 12 a dúzia! Cara mesmo é a cerveja de 600ml. Como dizem em bom baianês: “Dez conto”! Quem gosta, pode levar uma sacola térmica com umas latinhas bem geladas. Apesar da longa caminhada, elas ainda chegam no ponto.
Mas, o bom mesmo é estender uma esteira de palha nas areias da praia e contemplar a singularidade paradisíaca da Cueira. É estonteante. Voltar é quase uma questão de necessidade. Até mais, Cueira!