O quadro é alarmante. A Bahia é um dos oito estados brasileiros que ultrapassou a marca dos 100 homicídios para 100 mil jovens negros. A margem máxima “aceitável” fixada pela ONU é de 10 homicídios por 100 mil habitantes. O quadro motivou a realização da primeira edição da ‘Marcha de Mulheres Negras da Bahia Contra o Racismo e a Violência e Pelo Bem Viver’, no dia 13 de maio. Salvador, que teve 13 jovens negros sumariamente assassinados no início do ano, foi escolhida como sede do ato.
Para a Rede de Mulheres Negras da Bahia, organizadora do eventro, não coincidentemente, 13 também foi o dia da abolição da escravatura e desde 1888 até os dias atuais tem sido uma data de “luta e denuncia da negligência, do descaso, e do silêncio do Estado brasileiro sobre a ausência de direitos para a população negra” e são esperadas mulheres negras de todos os territórios da Bahia. A concentração da marcha será em frente ao Restaurante Café Hall, na avenida Paralela, às 9h.
Maio também é marcado como o mês de denúncia contra o racismo, cujo tema este ano é “2015 motivos para marchar contra o racismo, a violência e o fim do genocídio da juventude negra e pelo Bem Viver das mulheres negras”.
As ações visam denunciar “as iniquidades e as múltiplas violências provocadas pelo racismo e sexismo, conquistar visibilidade, reconhecimento social, político, direitos e cidadania plena”.
Na pauta de reivindicações do movimento estão: O Fim do Genocídio da Juventude Negra; Poder e Participação Política; Autonomia Econômica; Trabalho e Renda; Educação Não Racista e Não Sexista; Saúde e Direitos Reprodutivos; Fim das revistas vexatórias em presídios e as agressões sumárias às mulheres negras em casas de detenções; Reivindicação do direito ao livre culto de nossas divindades de matriz africana sem perseguição; Luta pela terra e pelos territórios tradicionais (dos terreiros de candomblé, quilombola, ribeirinho, assentados, marisqueiras e pesacadoras e outros); Fim da Violência Doméstica e do Feminicídio; Garantia dos Direitos das Trabalhadoras Domésticas; Fim da concentração de poder estruturado pelo racismo, machismo, patriarcado, lesbofobia e qualquer desigualdade que atinja as mulheres negras.