Mais conhecida hoje como uma importante rota turística, a Península de Maraú no sul do litoral baiano começa a se destacar pelas ações de produção e consumo de energia renovável. O projeto Região Energética Maraú – REM foi elaborado a partir da iniciativa de empreendedores locais preocupados com a duplicação da população durante a alta estação do turismo na cidade e, consequentemente, o aumento desenfreado do consumo de energia.
Modelo de placa solar fotovoltaica que integra o projeto/Foto: REM/Divulgação
Com a parceria de empresas suíças especializadas em energia renovável, o envolvimento de entidades e outras representações da comunidade, além do apoio do governo municipal, o projeto, até então em sua fase piloto, encontra-se agora em momento de consolidação e expansão.
Para isso, um novo investimento de R$ 700 mil já está previsto para a próxima fase. “É muito mais uma questão de tomada de decisão e iniciativa do que qualquer outra coisa, pois as tecnologias estão aí e o resto só depende de buscar um modelo sustentável para as diversas possibilidades de projetos”, afirma o coordenador geral do REM, Christian Angele, da Geoklock, empresa que gerencia todo trabalho.
Entre as metas da REM estão a redução do aumento de consumo e a produção de energias renováveis, suprindo assim a própria demanda local. O objetivo é garantir ainda mais valor agregado à cidade, consolidando-a como uma região eficiente de turismo sustentável. Segundo seus idealizadores, todo o trabalho está voltado para uma série de ações que contribuem para o fomento da economia da região e o estabelecimento de uma estrutura que ofereça garantias para a continuidade do projeto.
Educação ambiental
Por conta disso, a educação é um dos pontos-chave. Além da escola já existente na vila de Barra Grande, onde já se trabalha a conscientização sobre o tema, uma outra será construída com o uso de tecnologias renováveis. “Uma escola não poderia servir de construção mais adequada para um projeto como esse, não apenas para transferência de conhecimento, como também por seu papel como exemplo multiplicador”, ressalta Angele.
O projeto inclui vários programas, como o Empresas Eficientes. Voltado para pousadas e pequenos empreendimentos, o objetivo é a criação de um kit de melhores práticas para o uso de energias renováveis. Para isso, um grupo de jovens moradores, os chamados agentes de energia, foi contratado para fazer todo levantamento e mapeamento do perfil de consumo energético, estabelecendo parâmetros para maior eficiência do uso da tecnologia na região. Antes disso, os jovens receberam treinamento especializado sobre educação ambiental, sustentabilidade e energia renovável.
Painéis solares
Outro programa, o Pousadas do Sol, incentiva esses estabelecimentos a instalar painéis fotovoltaicos, e já inclui cinco pousadas da região. A eletricidade gerada pelas placas está inclusa no sistema net-metering (credito energético), da distribuidora de energia elétrica local, a Coelba.
Antes, durante e após a instalação, além da fase de produção, serão organizados eventos de divulgação, informação e educação sobre energias renováveis, dando continuidade a ação dos agentes de energia como jovens multiplicadores locais. Como os barcos que circulam pela baía de Camamú são um importante meio de transporte e fundamentais para o turismo, o REM prevê ainda um sistema de lanchas elétricas, chamadas Lanchas do Sol.
O projeto gerenciado pela Geoklock conta atualmente com três grandes patrocinadores. Um deles, a Repic, é uma plataforma interdepartamental da Suíça que promove o uso de energias renováveis e eficiência energética por meio de cooperação internacional, além de apoiar projetos inovadores. Já a Meyer Burger é uma multinacional líder na fabricação de plantas de produção para células fotovoltaicas, já em atuação no Brasil. A Cleantech Switzerland também funciona como uma plataforma que reúne empresas suíças fabricantes ou prestadoras de serviços ligados à tecnologias ambientais e energéticas.