Quanto mais perdemos tempo julgando o outro, menos nos melhoramos. O tempo e a energia que gastamos prejudicando vidas poderiam ser usados ao nosso próprio favor, mas não é.
Todo o dia deveríamos levantar da cama fazendo a seguinte oração: “Deus, ajude-me a perceber que não vale a pena passar os dias julgando as ações de outrem, criticando suas manias, excessos, hábitos e ações. Ajude-me a gastar o tempo que tenho me modificando, me melhorando, me reparando”. Deveria ser um mantra: “Que hoje eu não perca tempo julgando o mundo dos outros, mas melhorando o meu próprio mundo, o meu próprio ser, amém”.
Aí levantaríamos da cama com uma disposição imensa para ser uma pessoa melhor. E fazer a diferença em nosso pequeno mundo. Ter coragem de falar do outro não é um ato de coragem. É um ato de solidão.
Só se consome falando mal da vida alheia quando a vida própria é bem ruim. Quando não se consegue observar a si mesmo, focar nos próprios sonhos e planos. Alguém cheio de motivação para atingir o outro não é uma boa companhia nem pra si próprio. O coração é um deserto e, fazer companhia a si próprio, parece uma tormenta. É mais fácil assim colorir a vida vazia de risos sobre as bobagens que os outros cometem. Olhar o outro para não olhar para si. É uma fuga. É um refúgio. Você percebe?
Eu olho o outro porque o que sou não me interessa. Eu não tomo partido de mim, não perco tempo comigo, não analiso meu interior, não estou pronta para aceitar que preciso de muitas mudanças. Aí, meu peito cai, minhas estrias saem, engravido, dou corno no marido, no namorado, traio a amiga, fofoco sobre o vizinho, infrinjo uma lei, cometo um crime de ódio, sou racista, fico com o troco da padaria, passo a perna na Coelba, sonego impostos, faço caixa dois, três, falsifico a carteirinha de estudante, corto pela direita, maltrato o idoso na fila, finjo que não vejo a carteira do rapaz que acabou de cair, mato aula, xingo o professor, assedio o colega de trabalho, abuso do poder, ou do status, ou de uma posição de hierarquia. Causo dor, mágoa, angústia, raiva, medo, doença e morte, mas eu continuo sorrindo das falhas de alguém que está ali ao lado. Eu acho graça. Eu acho muita graça dos erros dos outros. E eu gargalho na cara deles porque eu sou melhor do que eles. Muito melhor. MUITO…
Opa, peraê… Esqueci de olhar pra mim.
Então, me diga agora: Quantos erros você comete ao longo do dia? Quantos erros você consegue lembrar que cometeu durante a vida inteira? De quantos tropeços é feito um ser humano? Não responda! Respire. Pense! Olhe para o seu umbigo, seus defeitos e tropeços ao menos uma vez. Gostou?
Quantas vezes eu vou precisar te lembrar que você só precisa tomar parte da sua vida e deixar os outros viverem a deles? Quantas vezes eu vou precisar te lembrar que você tem uma vida pra cuidar também? A ideia é uma só: Diminua o ritmo da língua e VÁ VIVER!