“Você só descobre que é forte quando ser forte é a sua única escolha”. Frase clichê, muito utilizada nas páginas das redes sociais. Frase usada para demonstrar a força, a persistência de um indivíduo, seja para ter um corpo sarado, realizar o casamento dos sonhos, ter filhos, conseguir o emprego que tanto desejou. Só que não, meu caro. Nas páginas de Facebook só mostramos um lado do nosso EU. O lado “E viveu feliz para sempre…”.

Foto: Pedro Ribeiro Simões

Foto: Pedro Ribeiro Simões

Quando somos crianças, o nosso sentimento é que toda história termina com um final feliz. Assim ouvimos através das historinhas contadas por nossos pais ou avós, assim vemos em muitos filmes e novelas… Quando somos crianças não temos a dimensão do que é a vida “fora da casinha”.

Até que começamos a ficar mais velhos, a amadurecer, a passar por novas experiências. Vivemos momentos de alegria, de raiva, de tristeza. Quando passamos por um momento de felicidade plena não paramos muito para pensar o porquê estamos vivendo aquela situação, simplesmente achamos que trabalhamos duro para que aquilo ocorresse, ou porque somos merecedores. Ponto.

Mas e quando uma coisa ruim nos acontecesse? A primeira pergunta que vem a cabeça é: Por que eu? Por que eu fui demitida? Por que foi um ente querido meu que morreu? Por que sou pobre? Por que não posso mais andar? Fazemos um retrospecto de nossos atos, de nossa vida, e não achamos justo, culpamos qualquer coisa, achamos que é um castigo de Deus.

Será que nos colocamos de vítima? Pessoas de fora dão um tapinha em nossas costas e dizem “Deus quis assim”… Deus quis assim uma ova! Mas e eu? Eu não quis assim. Eu não quero perder pessoas que amo, perder o meu emprego, ficar doente… Eu não quero!

Infelizmente existem coisas que vão além da nossa compreensão, mas racionalmente falando, tudo o que acontece ao nosso redor, em nossas vidas, foi ocasionado por alguma razão que desencadeia uma série de outras coisas. Um exemplo: se estamos com a pressão alta, alguma coisa fez com que isso ocorresse. Provavelmente má alimentação, falta de exercícios físicos… Mas a nossa tendência normalmente é não querer achar essas respostas que estão bem ali, na nossa frente.  Temos dificuldade de assumir nossos erros e defeitos. Mas realmente não é fácil. Temos a maior facilidade de apontar o erro do outro, mas e os nossos?

Outra coisa interessante é essa coisa de ser forte. “Você precisa ser forte, fulana!” Opa! Não, eu não preciso ser forte. Sou humana, tenho fraquezas, dúvidas, sentimentos, cometo erros… Mas o que seria “ser forte”? Normalmente essa fortaleza da qual estou falando vem alinhada ao indivíduo que tem fé, como denominam os católicos, evangélicos, ou que possui a espiritualidade elevada, como dizem os espíritas. Algo do tipo “Deus no comando” ou “Quem tem fé vai a pé”, olha só, outras frases clichês muito utilizadas nas redes sociais. Mas e quem não tem fé? Seria considerado fraco? Um perdedor?

Partindo de uma opinião muito pessoal, eu concordo que quando temos algo a que nos apegar, vamos dizer assim, conseguimos, mesmo que por curtos momentos e a passos lentos, superar algum obstáculo ou amenizar uma dor. Mas a grande questão é que a dificuldade em lidar com a dor, a perda, a derrota, é algo muito particular de cada um. Se pra você amenizar um sofrimento rezando vai te fazer melhor, OK! Talvez para mim encher a cara num bar ou chorar até meus lábios ficarem roxos faça muito mais efeito.

Talvez o grande ‘X’ da questão seja você se colocar no lugar do outro, nem que seja por alguns minutos. É, talvez… Talvez você consiga enxergar a mesma dor do outro. Talvez não, pois cada um tem o seu infinito particular, e a minha dor, a minha raiva, a minha alegria, nunca será a mesma do outro.