“Cabelo crespo não é duro: é motivo de orgulho”. “Crianças negras empoderadas”. “Meu cabelo, minha história”… Faixas e cartazes com essas e muitas outras frases afirmativas ganharam as ruas históricas do Centro Antigo de Salvador durante a “Marcha do Empoderamento Crespo”, no sábado, 07 de novembro. Uma imensa onda, formada por milhares de negras e negros, denunciou o racismo e cobrou mais efetividade das políticas públicas de igualdade do nosso país.
O cortejo de empoderamento político, por assim dizer, no trajeto do Campo Grande à praça Castro Alves, reafirmou a luta pelo direito, historicamente negado, de ter liberdade sobre sua própria identidade racial. Foi um importante gesto neste Novembro Negro.
E aqui, não cabe aquela cobertura engessada e desempoderada da nossa velha imprensa do dia a dia – com manchetes do tipo ‘X pessoas participam da Marcha…’. Não. Essa matemática não é o ‘x’ da questão. Mas o enfrentamento ao racismo real, mas negado, que foi o grande trunfo desta mobilização social.
Infelizmente, o racismo arraigado em nossa sociedade e propagando por grande parte da chamada “grande mídia”, ainda hoje, usa como referência para “padrão de beleza” o cabelo. É uma tentativa insana de ‘embranquecer’ as mulheres negras. Neste jogo, propagam a desfaçatez de que o cabelo liso é “bom” e o crespo “ruim”.
A beleza deste ato se refletiu na exuberância empoderada de mulheres negras – jovens, adultas, idosas e, mas belo ainda, crianças -, declarando aos quatro cantos desta capital mais negra fora do continente africano: “Cabelo crespo não é duro: é motivo de orgulho”.
*Colaborou Francis Amaral