O aplicativo Caronaê, de compartilhamento de veículos, foi lançado por alunos do campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Governador, zona norte da cidade. A nova ferramenta vai atender a estudantes, professores e servidores da instituição, entre 70 mil a 90 mil pessoas que passam diariamente por lá.

A iniciativa surgiu a partir do concurso “Soluções Sustentáveis”, promovido pelo Fundo Verde da UFRJ. Um grupo de estudantes de graduação da Escola Politécnica, da Coppe e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ desenvolveu um projeto de caronas, que acabou saindo vencedor do concurso.

Foto: ashokboghani

Foto: ashokboghani

 

O projeto se baseou em três elementos: o aplicativo para facilitar a organização dos caronas; um ponto físico para promover o encontro na Cidade Universitária, funcionando como ponto de convivência e sociabilidade; e uma campanha de marketing para promover a mudança cultural e fazer com que as pessoas entrem na nova realidade.

“Fico feliz em ter participado de todas as etapas e de ver o projeto nascer hoje (4)”, comemorou Gabriel Tenenbaum, que cursou mestrado em engenharia de transportes no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe-UFRJ) e participou da equipe.

Tenenbaum disse que, para se cadastrar no Caronaê, é preciso ter algum vínculo com a universidade. “Se você estuda, é funcionário, é professor, está habilitado a entrar no aplicativo.” Como o projeto tem vinculação com o Facebook, a rede dá o perfil do caronista e diz quantos amigos ele tem em comum, o que facilita a participação.

Além disso, a convivência de pessoas no campus acaba aumentando a sensação de segurança, porque, na Cidade Universitária, os equipamentos ficam distantes entre si. “A gente tem a possibilidade de tornar mais vivo o campus, disse Tenenbaum. “Fico feliz em estar saindo do Fundão com um projeto legal, que conseguiu ser colocado em prática.”

Conscientização

Para Michel Balassiano, um dos criadores do Caronaê, aluno de Engenharia Civil da Escola Politécnica da UFRJ, a vantagem do aplicativo é que ele é feito com a finalidade de atingir o público da UFRJ, levando em consideração as especificidades e características da Cidade Universitária. “O grande diferencial do projeto é que ele é feito por pessoas que sentem o problema de acesso ao Fundão e de mobilidade. Nós sofremos isso, damos carona, sentimos o problema”, destacou.

Michel Balassiano acredita que se todas as pessoas que tiverem vínculo com a universidade entrarem no Caronaê, “a gente está falando de um universo em torno de 70 mil pessoas”. A expectativa inicial é que 7 mil pessoas utilizem o aplicativo no primeiro semestre, ou seja, 10% do potencial existente. A tendência, comentou, é que ao longo do tempo a comunidade “compre a ideia” e acabe usando o aplicativo, seja para oferecer ou para pegar carona.

Tutor do projeto em sua fase inicial, o professor Ronaldo Balassiano, do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe-UFRJ, ressaltou a importância do projeto não só para a Cidade Universitária, mas para a cidade do Rio de Janeiro. Segundo ele, o grande benefício que o aplicativo pode gerar para a universidade é tentar reduzir o número de carros que chegam à Ilha do Fundão todos os dias, em especial nos horários de pico, muitos com apenas uma pessoa. Havendo boa aderência ao projeto, o professor indicou que haverá um número maior de pessoas viajando em cada carro. “Com isso, você diminui o número de carros que chegam e saem da universidade e deve reduzir a demanda por estacionamento. Mas, acima de tudo, a gente passa a ter uma conscientização de que usar o carro hoje está muito caro”.

Meio ambiente

Com menos carros na rua, o especialista destacou que, além de contribuir para diminuir congestionamentos, as pessoas acabam favorecendo o meio ambiente, na medida em que há redução de emissões de combustíveis fósseis. É preciso que as pessoas se conscientizem de que é possível não usar seus carros todos os dias da semana, disse. “Eu acho que a gente vai gerar um modelo que pode ser replicado para toda a cidade, para toda a região metropolitana do Rio de Janeiro.” O professor de engenharia de transporte afirmou que a importância do projeto é que ele possa ser multiplicado em outras áreas, para que o Rio de Janeiro tenha um efeito de redução de impacto no sistema de transporte.

Ronaldo Balassiano informou que quando o Fundo Verde foi criado, seu objetivo era fazer da UFRJ um laboratório de estratégias e projetos visando sustentabilidade. Dentre os outros projetos já implementados no campus há um estacionamento, cujo telhado é composto de placas solares que geram energia para abastecimento de algumas áreas do local.

O aplicativo Caronaê será disponibilizado gratuitamente para ‘smartphones’ que utilizam o sistema Android, e, posteriormente, o sistema iOS (Iphone). Integram também a equipe responsável pelo projeto os alunos de graduação de engenharia de computação da UFRJ, Igor Rocha; Manuel Meyer, de engenharia ambiental; Cecília Galli, de engenharia de materiais; e a arquiteta Luísa Teixeira, da Faculdade de Arquitetura.

*Agência Brasil