Desde a popularização dos computadores pessoais (PCs), passamos a nos acostumar com o software, palavra inglesa que define um “conjunto de programas, processos e regras” que dão sentido lógico a um monte de componentes eletrônicos de um computador…
Está rolando em Porto Alegre (RS) a 17ª edição do Fórum Internacional de Sofware Livre (Fisl). Há 17 edições, o Fórum Internacional de Software Livre é responsável por realizar grandes debates sobre as implicações sociais e econômicas do software livre.
Neste ano, o evento continua a ter como foco o software livre, mas traz uma provocação sobre os hardwares: “Internet das Coisas ou das Pessoas?”. Um carro autônomo que segue informações atualizadas em tempo real por meio de um aplicativo sobre trânsito pode ser considerado uma dessas “coisas”, por exemplo. O mesmo se aplica a um relógio moderno que mostra as últimas atualizações do Twitter.
De acordo com o coordenador-geral do Fisl, Sady Jacques, o evento vai debater os impactos de aparelhos eletrônicos (hardwares) do dia-a-dia que estão cada vez mais conectados pela internet. Ele questiona se a sociedade tem se empenhado em buscar soluções tecnológicas para pessoas e não para esses objetos inteligentes. A própria (não) inclusão digital é citada por ele como um assunto que precisa de mais atenção.
“A gente faz essa provocação porque a Internet das Coisas que ganha grandes dimensões precisa resolver questões que interessem às pessoas. Por exemplo, como fica o movimento de inclusão digital nesse sentido? Para quem será, afinal, a internet das coisas?”, questiona Sady.
Para conhecer a programação completa do Fisl, acesse a grade de atividades do evento.
Por que software livre e não uma licença proprietária?
Curiosamente, o coordenador-geral aponta que a Microsoft foi uma das principais responsáveis pela popularização do termo software entre os usuários.
Mas se engana quem acredita que Sady defenda o código proprietário. O coordenador do Fisl lembra que o software nasceu livre muito antes da Microsoft vender o Windows como sistema operacional cheio de aplicativos.
Para entender as diferenças de um software livre para outros tipos, Sady sugere compará-lo com uma receita de bolo. “O software tem uma característica dualística: ele é o processo e o objeto em si”. Ou seja, ele seria tanto a receita quanto o bolo em si. Para ele, a diferença entre os dois está no que se faz da receita. No caso da Microsoft, a empresa esconde a receita do seus softwares e lucra com a venda das licenças de uso.
Para ser um software, é necessário que o código e os seus criadores respeitem quatro liberdades formalizadas pelo criador da Free Software Foundation, Richard Stalmann:
0. A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito;
1. A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades. Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade;
2. A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo;
3. A liberdade de aperfeiçoar o programa, e redistribuir seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade possa se beneficiar.
De acordo com Sady, a grande vantagem do software livre é a sua possibilidade de evoluir com a contribuição. Não é por isso, claro, que a pessoa tenha que fazer um serviço de graça.
Na defesa do software livre, Sady explica também que “encapsular” o software em uma licença fechada pode até ser rentável, mas restringe as chances e o poder do software evoluir. Por isso, há uma inclinação no mundo sobre a a cobrança por serviços e não mais por licenças fechadas.
*EBC