A manhã nublada se despedia e o relógio marcava 11h25, quem chegava na esquina da rua Lourival Costa Andrade, no bairro de Águas Claras, percebia uma aglomeração de jovens dentro da Associação Sol Nascente. Briga, alvoroço ou confusão? Nada disso ! Os olhos dos meninos e meninas denunciavam uma alegria e satisfação incomensurável em ver suas obras de artes pregadas  na parede.

A visita foi guiada pelos educandos que clicaram as fotos da exposição. Foto: André Frutuôso/BnL

A visita foi guiada pelos educandos que clicaram as fotos da exposição. Foto: André Frutuôso/BnL

“O Olhar de Águas claras” assim foi batizada a primeira Mostra Fotográfica dos Jovens da Comunidade Sol Nascente, que reúne uma série de imagens onde o dia a dia do local  é retratado pelo ponto de vista dos alunos-moradores, com faixa etária de 12 a 17 anos, que através da Oficina de Arte Educação, Meio Ambiente e Fotografia conseguiram escrever com a luz e criar poesia.

“O resultado da oficina vai além da mostra fotográfica. Não me esqueço que uma aluna comentou que através das nossas aulas, ela começou a enxergar a comunidade de outra maneira. A exposição é um raio x da vivencia destes jovens aqui em Sol Nascente, o exercício é sempre este, contribuir para que eles sejam os protagonistas de suas histórias e não deixar que outros falem por eles”, pontua Fafá M. Araújo, responsável por ministrar as aulas de fotografia, durante os dois meses de curso (Janeiro e Fevereiro de 2014).

Josafá M. Araújo explica como foi o trabalho de fotografia durante sua oficina. Foto: André Frutuôso / BnL

Josafá M. Araújo explica como foi o trabalho de fotografia durante sua oficina. Foto: André Frutuôso / BnL

A captura das imagens foi organizada da seguinte forma: Cinco grupos, um tema para cada ( Pessoas e o seu cotidiano, retrato, lugares em destaque, detalhes das moradias e paisagens reais). A exposição conta com 42 fotos e 10 cartazes. As molduras das fotos foram feitas de material reciclável, sob a orientação  de Elínia Oliveira, educadora da oficina de Meio Ambiente.

“Antes eu achava que tirar foto era só fazer retratos em frente ao espelho e acabou, com as aulas de fotografia aprendi muito, além de ter uma ocupação. Depositamos na fotografia nosso sentimentos, sonhos e formas de enxergar o mundo”, diz Vitória Moreira, aluna da oficina.

Imagens da exposição O Olhar de Águas Claras. Foto: André Frutuôso/BnL

Imagens da exposição O Olhar de Águas Claras. Foto: André Frutuôso/BnL

Meio ambiente

As oficinas de Arte Educação, Fotografia e Meio Ambiente fazem parte do Projeto de Integração e Desenvolvimento Social, que é supervisionado pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), conta com o apoio do Governo Federal e é Financiado pela Caixa Econômica Federal. “É notório que o comportamento dos jovens da comunidade de Sol Nascente se modificou após essas oficinas e o que me chamou mais atenção foi vê os alunos ansiosos em saber o que vizinhos e familiares falariam de seu trabalho”, comenta Carina Plácido, supervisora dos Projetos Sociais da Conder.

Para Carla de Jesus facilitadora da oficina de Arte Educação,“O importante e fundamental neste projeto é discutir a questão do protagonismo Juvenil, dando visibilidade ao que eles fazem nas comunidades. Essa exposição retrata a capacidade que os jovens têm, pois sabemos que na verdade o que eles precisam é de oportunidade para mostrar seus talentos, ressalta.

Núbia Fiuza, assistente social que acompanha o projeto, informa que a exposição “O Olhar de Águas Claras”, inaugurada em 22 de fevereiro de 2014, vai passar por mais localidades do bairro Águas Claras e adjacências, para que o trabalho artístico dos alunos tenha maior visibilidade.

Carlos Mendes além de gostar de fotografia, tem o objetivo de se tonar ator. Foto: André Frutuôso/BnL

Carlos Mendes além de gostar de fotografia, tem o objetivo de se tornar ator. Foto: André Frutuôso/BnL

“A fotografia é uma forma de se expressar de um jeito único. Aquela imagem que clicamos com um celular ou máquina não é uma simples foto, é um registro de momento feliz ou triste, emoções singulares que não voltam mais. Então, antes de excluir ou jogar uma foto fora, lembre-se que um momento congelado não volta mais”, sintetiza Carlos Mendes, aluno da oficina de fotografia.

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