A historiadora das manifestações populares e históricas da Bahia. Assim poderia ser definida a incansável Consuelo Pondé, que morreu na quinta-feira, 14 de maio, aos 81 anos, no Hospital Português, em Salvador. A historiadora e presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, que tanto contribuiu para a afirmação identitária do estado e dos baianos, foi diagnosticada com uma pneumonia e arritimia cardíaca e não resistiu. Deixa como legado para os baianos sua trajetória e obras.

Foto: Manu Dias/SECOM

Foto: Manu Dias/SECOM

Neste breve homenagem do Bahia na Lupa, transcrevemos a biografia de Consuelo, muito bem perfilada na instituição que presidia…

Nasceu em Salvador, no dia 19 de janeiro de 1934, filha do médico Edístio Pondé e de Maria Carolina Montanha Pondé. Casou-se com o neurologista Plínio Garcez de Sena e teve quatro filhos: Maíra Pondé de Sena, psicóloga, Maria Luíza Pondé de Sena, assistente social, Maurício Pondé de Sena, guia de turismo e Eduardo Pondé de Sena, psiquiatra.

Cursou o Infantil na Escola Santa Clara de sua tia Maria do Carmo Pondé, ingressando, aos sete anos, no Colégio N.Sa Auxiliadora, onde cursou o primário e o secundário, dele saindo em 1949. Em seguida, matriculou-se no Colégio N. Sa das Mercês, onde cursou o Clássico, concluindo-o em 1952. Naquele Colégio foi redatora e diretora do jornalzinho SERUIAM. Habilitou-se, então, ao vestibular de Geografia e História, logrando a primeira colocação. Diplomou-se a 10 de dezembro de 1956, tendo por paraninfo o historia-dor José Wanderley de Araújo Pinho, seu mestre de História do Brasil e da Bahia.

Durante o curso manifestou preferência pelas disciplinas de natureza antropológica, tendo sido designada pelo Prof. Thales de Azevedo secretário do Seminário de Antropologia, por ele criado naquela Faculdade, com cujo mestre também trabalhou em pesquisa na Escola Parque (Escola III), na rua Marquês de Maricá. Ainda quando estudante colaborou com o prof. Carlos Ott, em pesquisa no Arquivo da Arquidiocese de São Salvador e com o Prof. José Valadares na bibliografia da Arte Brasileira, conforme está consignado na publicação pertinente deste autor.

Atraída pelo estudo da língua Tupi, e incentivada pelo prof. Frederico Edelweiss, dedicou-se a esse estudo tornando-se, posteriormente, sucessora daquele mestre no ensino da mesma disciplina. Substitui-o em duas oportunidades, em 1959 e 1960, quando afastado do ensino por motivo de saúde. Assumiu definitivamente a docência de Língua Tupi em 1963, dela se afastando apenas em 1993, após 31 anos de trabalho. Em 1974, foi nomeada diretora do Centro de Estudos Baianos da UFBa, por intermédio da Portaria nº 1322.

Cursou o mestrado de Ciências Sociais, completando os créditos em 1977, quando apresentou sua dissertação intitulada – Introdução do Estudo de Uma Comunidade do Agreste Baiano – Itapicuru – 1830-1892, orientada pelo Professor José Calasans, de quem fora discípula desde o curso secundário.

Entre os cargos administrativos ocupados, foi Chefe do Departamento de Antropologia e Etnologia da FFCH da UFBa, Diretora do Centro de Estudos Baianos da UFBa(1974-1983), Diretora da Associação Baiana de Imprensa (1984), Conselheira do Conselho Permanente da Mulher Executiva da Associação Comercial (1982), ocupando sua vice-presidência, Conselheira da Associação Comercial, ocupando função na Mesa Diretora da Casa(1985), Diretora da Casa de Ruy Barbosa(1985), Membro da Diretoria do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia(1982), exercendo, na oportunidade, a função de Oradora, Diretora do Arquivo Público do Estado da Bahia (1987), Presidenta do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, empossada em 1996, reeleita em 1998, 2000 e 2003, Membro da Comissão Estadual das Comemorações dos 150 anos de nascimento de Castro Alves, Membro da Comissão Estadual Comemorativa da Revolução dos Alfaiates, Membro do Conselho Consultivo da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).

Sócia Correspondente dos Institutos Históricos de Minas Gerais, Santa Catarina, Tiradentes, Rio de Janeiro, Brasileiro, Paraíba, Sergipe,Teresópolis (MG) e Pernambuco.

Membro da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Associação Nacio-nal de Professores Universitários de História (ANPUH), Sociedade Brasileira de Pesquisa Histórica, Academia Baiana de Educação, Academia Portuguesa da História.

Presidiu o IV e V Congressos de História da Bahia (1999-2001), o I Encontro de História Brasil-Paraguai (2001), além do V Encontro dos Institutos Históricos do Nordeste (2003). Colaboradora dos jornais Tribuna da Bahia e A Tarde, este último onde até permanece. É autora de vários artigos publicados em revistas especializadas do país.

Possui os seguintes livros publicados: Portugueses e africanos em Inhambupe, 1750(1977), Introdução ao estudo de uma comunidade do agreste baiano: Itapicuru (1979), A imprensa revolucionária na Independência (1983), Os Dantas de Itapicuru (1987), além das crônicas Cortes no Tempo (1997) e A Hidranja Azul e o Cravo Vermelho (2003).

Atualmente, Consuelo Pondé de Sena exerce o quinto mandato, na presidência do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Atualmente tem por projeto principal ampliar e atualizar os dados da sua dissertação e escrever livro sobre: Consuelo – a derradeira musa de Castro Alves e outros estudos.