Em uma festa do Rei de Oyó, Ketu avista uma bela moça, cintilante como ouro, imponente como um raio, uma junção de água doce e salgada, raio e trovão.
Okê: Qual seu nome, menina?
Opará: Oi Okê, me chamo Opará.
Okê: Como sabes meu nome moça boca bonita?
Opará: Observo-te a muito tempo, tal qual o encontro da estrelas e a noite se observam, trovejei, relampejei ,tu nem me notastes. Estive por um tempo ao teu lado esbanjando doçura tal qual as águas doces ao se encontrar com as águas salgadas.
Okê: Mas como não pude notar?
Opará: Pergunta-te a si mesmo! Mesmo que aches respostas de nada adiantará, meu coração hoje é frio como um ferro para ti, ele só se derrete a quem com metal maneja, hoje meu coração é de Ônirê e mesmo machucado, banido, ele só se move aos sons dos metais.
Okê: Pois bem moça, perdoe-me por não reparar tal esforço feito por ti. Mas permita-me falar o quão meu peito queima como um vulcão, deixe-me compor , escrever e até mesmo sonhar com seu brilho, com sua doçura. Deixe-me, mas não me deixes!
Opará: Deixastes não deixarei Okê, mas não quero que alimentes em teu peito um sentimento que não se recíproco, não quero que o que acaba de descrever vire cinzas, pois quando o fogo se apaga, se nascem as cinzas.
Okê: È tarde Opará, suas palavras cortam meu coração e meu peito já não mais queima , arde! E dentre alguns dias virarão cinzas, mas cinzas de um novo ciclo, de um sentimento que guardarei no meu peito tal qual a uma marca escrita em uma arvore por dois apaixonados, as escritas talvez não sejam tão notórias com o tempo, mas se procurastes com apreço verá o quanto me marcou o encanto do encontro com os olhos teus, como uma fonte de constelação!
Opará: Tempo.. eis o mistério poderoso, que traçara não só os nossos mas como o coração de todos aqueles que nesta terra habita, tenho certeza que hoje seu coração é cinzas feitas pelo fogo das minhas palavra, mas amanhã ele ressurgirá como uma fênix: novo, limpo e livre para que possas notar o espaço que te norteia. Prefiro que renasçam lembranças desse nosso encontro do que lágrimas de infelicidade, ingratidão e mentiras. Tenho muito carinho por ti, te admiro desde o dia que te encontrei.
Ketu: Se a noite não deixar que no mar se espelhar, se espelha na lua de Jorge Eparrê Oyá Opará, e lembra-te meus olhos são como a lua ao ver-te.
Opará: Okê aro! Okê Odé!