Evento se encerrou neste domingo (19), com shows de Alcione, Iza e BaianaSystem
O público estava ali para curtir, claro. Mas, principalmente, para celebrar a cultura negra e afirmar sua ancestralidade com artistas de estilos variados. Com 100% de afirmação afrofuturista no saldo, se encerrou neste domingo a edição 2023 do Festival Afropunk Bahia, realizado no Parque de Exposições como um dos eventos integrantes do calendário Novembro Salvador Capital Afro.
Na noite de sábado, quando se apresentaram Majur, Gaby Amarantos e a atração internacional Victoria Monét, Carlinhos Brown fez um show para marcar Alfagamabetizado, álbum lançado há 27 anos. Levou a bailarina Ingrid Silva para dançar o samba Quixabeira e festejou a liberdade: “A namorada tem namorada, o namorado tem namorado. Eu não preciso ser mais apedrejado e cancelado por dizer isso há quase 30 anos”.
Victoria Monet foi a atração internacional de sábado (18) com show solo. Crédito: Victor Carvalho/Divulgação
No domingo, a primeira atração a tomar o palco Gira foi a dançarina, DJ e modelo Lunna Monty. A travesti atraiu o público disperso para a apresentação afrofuturista que trouxe músicas internacionais como Water, da cantora Tyla, e Little Things, de Jorja Smith.
A cantora amazonense Karen Francis foi a primeira no palco Agô. Com sua voz lírica, encantou os presentes que acompanharam as canções do novo álbum Anos Luz dançando lentamente. Ela dedicou a música Linha do Tempo para a juventude negra que busca mudar a realidade das gerações que a antecederam. Karen traz em suas canções suas experiências enquanto mulher negra e lésbica na periferia de Manaus.
A segunda atração do palco Agô veio com bastante rap. Ajuliacosta mostrou suas rimas para o público que se animou ao ouvir versos “mente serena em uma mina estratégica” da música Queen Chavosa.
O clima pegou fogo quando o Olodum entrou no palco neste domingo (19), trazendo o ritmo dos tambores do Pelourinho. Eles, que fizeram participação ao lado de diversos artistas, convidaram a cantora Majur e o público foi ao delírio com a mistura. A banda não deixou ninguém parado com a execução de clássicos como Nossa Gente (Avisa Lá) e Faraó.
Quando “A Voz do Samba” chegou o público foi cativado com seu sotaque carioca. Alcione foi a terceira atração (e uma das mais esperadas) do palco Gira e prometeu não deixar o samba morrer na comemoração dos 50 anos de carreira. Ao seu lado, a escola de samba Mangueira veio trazer o carnaval do Rio para Salvador e mostrar um pouco do que será a homenagem para a Marrom no desfile de 2024.
Sucessos da carreira e de Benito de Paula fizeram parte de seu repertório, mas a voz do público se fez presente a todo o momento. Gritos saudando a Marrom antecederam algumas músicas e mostraram o amor da Bahia pela cantora, que não tirou o sorriso do rosto durante todo o show. “Fazer alguma coisa em Salvador sempre tem um tom especial, estou tão feliz pelos meus 50 anos de carreira. Cantei tanto que aprendi a cantar”, brincou Alcione.
“A gente se sente valorizado no nosso mês, vindo aqui exaltar a nossa cultura, a nossa beleza, estar vestido da forma que a gente gosta, estar vendo pessoas como a gente, estilosas” disse Tatiane Louise, 26 anos, que veio para o Afropunk pensando no show de Alcione: “Só quero que ela cante todos os maiores sucessos dela para eu chorar”.
O Afropunk Bahia 2023 se encerrou com a sensualidade dançante de Iza e a explosão rítmica do BaianaSystem, que fez um intercâmbio da música baiana com a africana, ao convidar a angolana Dia e Noite e o guineense Patche di Rima.
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