Sou apaixonado por tudo que chamam de ‘baixa gastronomia’, não exclusivamente pelo sabor, mas por tudo que envolve esse ramo gastronômico.

Para situar os leitores no assunto, falo das comidas servidas nos botecos, bares, restaurantes simples dos nossos bairros, barraquinhas de rua, carrinhos de espetinho, cachorro quente e etc. Sei que alguém vai torcer o nariz e dizer simplesmente que o caso nem se trata de gastronomia. Para mim se trata e já tem gente trabalhando para alçar algumas comidas de baixa gastronomia para alta, como é o caso do Beijú (ou tapioca) e Tacacá.

Dadinhos de tapioca com queijo coalho e charque | Foto: Cadu Freitas/BnL

Dadinhos de tapioca com queijo coalho e charque | Foto: Cadu Freitas/BnL

Através de mãos famosas como as do Chef de Cozinha Alex Atala (Restaurante D.O.M e Dalva e Dito) e do Chef Rodrigo Oliveira ( Mocotó e Esquina Mocotó) produtos regionais, consumidos muitas vezes em vias públicas, estão se tornando ícones da culinária nacional. Elevar a categoria de alimentos simples não deprecia a baixa gastronomia, mostra ainda mais a importância dela como elemento de acesso a ótimos alimentos porém feitos muitas vezes sem base nas técnicas de culinária francesas.

Outro Chef que vem trabalhando com uma gastronomia simples e muito honesta é o Carlos Ribeiro(Restaurante Na Cozinha). Um sábio e bom paraibano que a partir do trivial ganhou destaque pela alta qualidade nos ingredientes e a aplicação de técnicas apuradas para a reconstrução da cozinha de casa, das nossas mães e avós.

A experiência de trabalhar atualmente com comida de boteco, em um local que se denomina por Boteco Gourmet está sendo extremamente prazerosa por poder combinar receitas simples com alimentos do mais alto nível e mudando algumas vezes a forma de apresentar.

Após ter passado por uma cozinha conceitual e regional no Visca Sabor e Arte com cardápio assinado pela Chef Andreia Albuquerque e pelo hoje extinto Restaurante Jabuticaba, na liderança da cozinha de lá, com muitos clássicos da culinária nacional e internacional e continuar estudando loucamente, vejo uma longevidade justa para a baixa gastronomia que seja como acesso a alta gastronomia, seja como categoria para alocarmos pratos típicos está sempre perto de nós, quentinha, cheirosa e deliciosa!