O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou na quinta-feira, 14 de janeiro, suas prioridades para 2016, seu último ano no comando das Nações Unidas.
Ban Ki-moon deixará o posto de secretário-geral da ONU ao final de 2016/Foto: Eskinder Debebe/ONU
Falando na Assembleia Geral, Ban pediu à comunidade internacional que acelere o processo de implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e do Acordo de Paris sobre mudança climática.
Segundo o chefe da ONU, esses dois acordos colocam o mundo em uma direção promissora. Além disso, no momento de uma “gigantesca” necessidade humanitária, os documentos fornecem a esperança de que será possível superar as divisões globais em nome do bem comum.
Ele citou ainda como conquistas do ano passado a Plataforma de Sendai sobre a Redução do Risco de Desastres e a Agenda de Ação de Adis Abeba de financiamento para o desenvolvimento.
Na área de saúde, o secretário-geral disse que a transmissão do vírus ebola acabou na Guiné, em Serra Leoa e agora na Libéria. A pólio está quase extinta no mundo.
Ajuda Humanitária
Ban Ki-moon falou também sobre ajuda humanitária. Segundo ele, as situações de emergência se agravaram ainda mais na Síria, Iêmen, Burundi, Iraque e Sudão do Sul.
Ele disse que com a ocupação da Cisjordânia se aproximando dos 50 anos, as relações entre israelenses e palestinos estão cada vez mais polarizadas.
Ban afirmou que o preço a ser pago pelo mundo pela falta de um plano de prevenção pode ser visto por todos os lados: tensões sectárias, redução da democracia em vários lugares e um “arco de crises” que vai da região do Sahel, na África, até o Oriente Médio.
Ele declarou que 125 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária em todo o mundo.
Desafio
O secretário-geral disse que o principal desafio atual é derrotar o Daesh, denominação em árabe para o grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Isil), o Boko Haram, al-Shabaab, Al Qaeda, entre outros.
Na sua opinião, é importante que isso seja feito sem utilizar medidas que possam gerar mais extremismo. Os países devem adotar medidas de contraterrorismo equilibradas e com respeito aos direitos humanos.
Ele declarou que a comunidade internacional deve superar as divisões que estão mantendo os sírios em agonia, mergulharam o Iêmen num período trágico e ajudaram a propagar o extremismo violento.
Síria, Iêmen e Burundi
Na Síria, Ban afirmou que as partes envolvidas na guerra impediram a entrada de ajuda humanitária em Madaya desde outubro. Pelo menos 400 mil pessoas no país estão sendo mantidas como reféns em áreas sitiadas.
Para o secretário-geral, essa situação é “absolutamente inconcebível”.
No Iêmen, Ban afirmou que seu enviado especial está no país tentando convencer as partes a retomarem as negociações de paz. Ele disse que nos últimos dias houve um aumento dos bombardeios, dos ataques com morteiros e também dos confrontos nas ruas.
No Burundi, o chefe da ONU mostrou preocupação com a situação instável e imprevisível do país. Segundo ele, a violência pode aumentar ainda mais e se espalhar para nações da região.
Ele elogiou a decisão dos membros do Conselho de Segurança de visitar o Burundi na semana que vem e disse que a comunidade internacional deve fazer o necessário para quebrar o impasse político e evitar uma catástrofe humanitária no país.
(Por Edgard Júnior, da Rádio ONU)