“Cunha sai, Dilma fica”! Fazendo um comparativo rápido, em Salvador, no jogo dos favoráveis e contrários ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o placar está 500 x 10 mil para a ala que defende a petista ou “a democracia, contra o golpe”, como afirmaram muitos dos manifestantes que ocuparam o Centro Antigo da capital baiana, na quarta-feira (16). Os números acima são da Polícia Militar. A manifestação dos que apoiam o impedimento da chefe da Nação foi no último dia 13, na Barra, já o ato em apoio foi no Campo Grande e, como se pode ver nas fotos, ganhou de goleada.
Palavras e gritos de ordem contra o presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ) foram intensos. O “Fora Cunha” foi tão manifestado quanto o “Não Vai Ter Golpe”. Militantes de esquerda e progressistas, centrais sindicais como a CUT e CTB, movimentos sociais, como o movimento negro e o MST, e partidos aliados ao PT ocuparam o centro de Salvador no final da tarde de ontem, com o objetivo claro de “defender a democracia”.
A concentração começou às 15h no Campo Grande, pouco depois das 16h a caminhada começou a seguir pela Avenida Sete, em direção à Praça Castro Alves. Segundo os organizadores, foram cerca de 30 mil pessoas no ato. Número que não é um absurdo. Foi muita gente e o vermelho nas roupas predominou.
Pró x contra impeachment
Comparando com o ato daqueles que defendem o impedimento de Dilma, ocorrido no último domingo, no Farol da Barra, organizado por militantes da direita, organização de médicos e partidos de oposição ao governo petista, como PSDB e DEM, não teve tanta repercussão e expressão. Segundo os organizadores do ato onde predominou as cores verde e amarelo, foram cerca de 1 mil manifestantes. As principais palavras de ordem neste evento foram “Fora Dilma”, “Fora PT”, “Impeachment Já”.
A população que trabalhava na tarde de quarta, na Avenida Sete – onde há um intenso comércio -, se dividiu. Teve aqueles que aplaudiram e deram força para o ato “contra o golpe”, outros vaiaram e alguns indiferentes. Mas foi forte a adesão daqueles que, mesmo tendo críticas à política de ajuste fiscal e econômica do governo Dilma, são contra a forma pela qual foi conduzido esse processo de impeachment.
Repercussão nacional
Enquanto o Ibope, instituto que é visto com desconfiança pelos eleitores baianos, por ter errado o resultado das últimas três eleições para governador no estado -, divulgou que a popularidade de Dilma é de apenas 9%, o ato em Salvador mostrou que a população vai resistir às manobras golpistas de Eduardo Cunha.
Ele, pro sua vez, sofreu outro baque: teve o pedido de afastamento da presidência e do cargo parlamentar pelo procurador Geral da República, Rodrigo Janot. Caberá ao Supremo Tribunal Federal decidir.
No Brasil inteiro, 21 capitais fizeram o ato pró-Dilma. O destaque foi para São Paulo, reduto tucano, onde a CUT estimou em 100 mil participantes, que lotaram a Avenida Paulista. O Datafolha deu 55 mil, mas a PM do governador Geraldo Alkimin (PSDB) disse que tinha apenas 3 mil. Incoerência total.