“Bom dia, senhor, em que posso ajudar”… “Bom dia, diga aí o que você quer”! Há duas saúdes no Brasil. Uma, das instalações bem estruturadas, confortáveis, climatizadas, com funcionários sorridentes, onde a espera é aceitável devido ao tratamento humanizado. Há outra, bem diferente, com funcionários estressados e mal humorados devido à carga de trabalho, má remuneração. Nesta, as instalações são precárias, deficitárias, desconfortáveis, seja para pacientes ou acompanhantes.

Foto: Rafael Martins/SecomGovBa

Foto: Rafael Martins/SecomGovBa

A diferença abismal entre a saúde pública e a privada é de envergonhar. O pior é saber que, no país, a carga tributária paga pelo cidadão usuário do sistema público de saúde deveria ser revertida, se os direitos do cidadão fossem respeitados, em um atendimento tão digno que deixaria qualquer rede particular com inveja. Seria humanizado e sem as lotações comuns dos hospitais, como é visto cotidianamente na Bahia.

Os hospitais públicos vivem apinhados de gente que, mesmo nos dias de hoje, ainda se arriscam na madrugada em filas intermináveis, de campana, para garantir ou aventurar uma ficha que lhe possibilitará, se o médico aparecer, uma consulta. Isto quando não fica largado à mercê do calendário moroso e desumano da tal “Regulação”.

Neste tempo de três opções, uma: ou a pessoa espera é reza pra não piorar, ou consegue uma “peixada” que dará um “jeitinho”, ou terá que tirar dinheiro de onde não tem e pagar em clínicas ou hospitais particulares.

Isso vale pra tudo. Seja consultas simples, exames, procedimentos laboratoriais, cirurgias ou tratamentos de doenças graves. O caos da saúde pública, que ainda não se organizou suficientemente para atender toda a demanda da população, não diferencia o grave do mais ou menos, a letargia é, infelizmente, igual. Se for falar das emergências… Seria um fator digno de denúncia de abuso dos direitos humanos nas Nações Unidas.

O que sobra a uma parcela da população, que deveria fazer uso desse mesmo sistema público, é apertar ainda mais seu orçamento e pagar duas vezes para ter um cuidado à sua saúde de forma mais apropriada e célere: além de pagar os elevados tributos, contratar um bom plano de saúde privado.

Mesmo com os inegáveis avanços que o Brasil tem vivido nas últimas décadas, com o Mais Médico, etc., o panorama da saúde pública é paradoxal e vergonhoso.