A presidenta Dilma Rousseff lamentou a morte do cineasta Eduardo Coutinho, 80 anos, assassinado a facadas na manhã do dia 02 de fevereiro, na casa onde morava, no bairro da Lagoa, zona sul do Rio de Janeiro. Por meio do Twitter, Dilma disse que o Brasil e o cinema brasileiro perderam “seu maior documentarista”.
A esposa do cineasta, Maria das Dores, também foi esfaqueada e está internada no Hospital Municipal Miguel Couto. O cineasta, autor de obras como ‘Cabra Marcado para Morrer’, ‘Peões’ e ‘Edifício Master’, não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
O filho do casal, Daniel Coutinho, suspeito de ter matado o pai e tentado assassinar a mãe, está sob custódia da Divisão de Homicídios. De acordo com a Polícia Civil, depois de esfaquear os pais, Daniel tentou se matar.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel e Maria das Dores estão na Unidade Intermediária, em situação estável, mas ainda precisando de cuidados médicos.
“Coutinho não merecia destino trágico”, dizem cineastas
A morte de Eduardo Coutinho, foi um destino trágico para um dos maiores documentaristas do Brasil, na avaliação dos cineastas Silvio Tendler e Luiz Carlos Barreto. Para Tendler, que já fez produções sobre o ex-presidente João Goulart e o cineasta Glauber Rocha, Coutinho “não merecia esse destino trágico”.
“Estou muito abalado. Tudo foi muito surpreendente. Ele não merecia esse destino trágico. É muito triste. O Coutinho era um amigo muito querido. É um momento de muita tristeza para a cultura brasileira, para o cinema brasileiro. Sem dúvida ele era um de nossos grandes talentos. Nós só temos a lamentar”, diz Tendler.
De acordo com Tendler, a morte de Eduardo Coutinho deixará “uma lacuna muito grande, ao mesmo tempo em que deixa uma obra que vai continuar sendo vista e discutida. Alguns de seus filmes estão entre os mais importantes do cinema brasileiro, do cinema como um todo. Ele é um dos artistas brasileiros mais importantes de todos os tempos”.
Luiz Carlos Barreto, produtor de filmes como ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’ (1976) e ‘O que é Isso, Companheiro?’ (1997), o “destino foi injusto” com Coutinho: “Ele merecia um final de vida mais bonito”.
“A morte do Eduardo Coutinho não é uma perda apenas para o cinema brasileiro. É uma perda para o cinema mundial. Ele foi, no plano brasileiro e internacional, uma figura revolucionária na linguagem do documentário, porque ele soube introduzir, além do simples registro, a dramaturgia. Os documentários de Coutinho criaram uma escola dramatúrgica para os documentários. Isso sem contar sua contribuição nos pensamentos e no movimento político do Cinema Novo, para construir um cinema de produção permanente”, fala Barreto.
“Coutinho ousou ao falar de contrastes”, diz diretora de escola de cinema
Eduardo Coutinho estabeleceu uma nova forma de pensar e fazer documentário. A avaliação é da diretora da Escola de Cinema Darcy Ribeiro, Irene Ferraz. Para ela, a obra de Coutinho é um marco na história do documentário mundial. “Ele teve uma reflexão mais profunda sobre nós mesmos, sobre o que acontecia nas cidades, sobre o povo brasileiro. Ele foi um pensador da antropologia social e ousou falar de contrastes. Ele colocou o povo para falar”, conta.
Segundo Irene, Coutinho sempre participava de eventos na escola, mas recusou convites para ser professor. “Ele dizia que isso não era para ele”.
*Agência Brasil