O Brasil é conhecido pelo seu alto potencial em fontes renováveis de energia, mas no quesito eficiência energética o país não parece estar indo muito bem. Os números da última Tabela de Desempenho Internacional de Eficiência Energética 2014 (The 2014 International Energy Efficiency Scorecard) não trazem um resultado muito bom para o país, que figurou na 15ª posição das 16 nações avaliadas. Ao que tudo indica, o Brasil precisará melhorar muito seu desempenho se quiser ficar entre os campeões em eficiência energética.
A segunda edição do relatório do Conselho Americano para Economia Energeticamente Eficiente (ACEEE), que avaliou as 16 maiores economias do mundo, responsáveis por mais de 81% do produto interno bruto (PIB) mundial e por cerca de 71% do consumo de eletricidade, analisou 31 aspectos divididos entre performance política e quantificável, para descobrir o quão eficientemente essas economias usam energia.
Os resultados indicam que alguns países estão superando significativamente outros, mas, segundo o próprio documento, a descoberta mais importante é que há oportunidades para melhoria em todas as economias observadas. A média foi de apenas 50 pontos para um total de 100, e todas as nações apresentaram fraquezas.
Uma delas é o Brasil, que no geral teve uma performance fraca em relação aos demais. O país marcou apenas 30 pontos no total. Segundo a tabela de desempenho, as políticas energéticas do Brasil enfatizam a produção de renováveis, especialmente nos setores de eletricidade e transporte, tirando o foco do setor de eficiência.
De acordo com o relatório, uma das áreas que mais exige melhoria no setor de eficiência energética do país é a construção residencial e comercial. Isso porque no Brasil não há um código residencial ou comercial obrigatório para eficiência energética, e padrões de equipamentos são limitados, sendo aplicados a poucos produtos.
Outra área que necessita de aprimoramento é a indústria. Menos de 1% da eletricidade de seu setor industrial é gerada pela combinação de calor e energia. O documento sugere que o país teria muito a absorver de exemplos da Austrália, Espanha e França no quesito construções, e da Itália em se tratando de economia de eletricidade industrial.
Mas nem todos os dados do Brasil são negativos. A tabela aponta que o país tem um setor de transportes eficiente, tendo ficado em quinto lugar nesse quesito. A economia de combustível em veículos de passageiros é forte, e o número de quilômetros rodados por pessoa é moderado. Além disso, a proporção do investimento do governo em transporte ferroviário em relação ao investimento em rodovias é maior no Brasil do que em todos os países analisados.
A campeã do mundo
Se o Brasil não apresentou boa performance, o mesmo não se pode dizer da Alemanha, que ficou em primeiro lugar, com 65 pontos. Entre as ações do país para chegar a essa marca estão subsídios de até 30% para melhorias na eficiência de seus processos de fabricação através da atualização de tecnologias e equipamentos, uma meta de 20% na redução do consumo primário de energia para 2020 e de 50% para 2050 em relação aos níveis de 2008 etc.
“A Alemanha é um excelente exemplo de uma nação que fez da eficiência energética uma prioridade”, elogiou Steven Nadel, diretor executivo do ACEEE. O país liderou a eficiência energética do setor industrial.
Representantes do país agradeceram o reconhecimento, mas afirmaram que o país ainda tem muito a fazer nesse sentido. “Estamos muito agradecidos de que a Alemanha ocupe o primeiro lugar na análise da ACEEE.
“Vemos isso como uma validação de que as medidas da Alemanha estão dando frutos em seus esforços de transição para uma economia de baixo carbono e energeticamente eficiente”, comentou Philipp Ackermann, embaixador alemão nos Estados Unidos.
“Ao mesmo tempo, continuaremos a lutar por mais melhorias. A eficiência energética é o segundo pilar da transformação da Alemanha em seu sistema de energia, ao lado da expansão das fontes renováveis. Cada quilowatt-hora de eletricidade que não é consumido economiza combustíveis fósseis e evita a construção de usinas e redes de energia”, continuou Ackermann.
Outros Estados que se saíram bem no relatório foram Itália (segundo lugar), União Europeia (terceira posição) e China (em quarto), tendo inclusive liderado a eficiência energética nos setores de transporte, construções e esforços nacionais, respectivamente. Já nações como México, Rússia e Estados Unidos dividiram com o Brasil os últimos lugares.
“Países que usam energia mais eficientemente utilizam menos recursos para atingir as mesmas metas, reduzindo, portanto, os custos, preservando recursos naturais valiosos e ganhando uma vantagem competitiva sobre outros países”, concluiu Rachel Young, analista de pesquisa do ACEEE e uma das principais autoras do relatório.