A série revivendo boas histórias da estrada continua neste mês de fevereiro. O Bahia na Lupa rememora reportagens antigas de alguns roteiros de viagem por nosso imenso território baiano. Gente, lugares, comidas, costumes…
Acordei e estava entre grades! Um sonho, não pesadelo! Não uma cadeia pública, dessas da modernidade, cheias de vômito de uma sociedade esquizofrênica, que não sabe punir justamente e nem ressocializar. Eram grades da história, de um longínquo e saudoso tempo pós-colonial. Poesia saiam daquelas entrelaçadas barras de ferro…
Luta, conquistas, sangue e suor de quem brigou, há centenas de anos, pela independência do Brasil na Bahia, que expulsou tropas estrangeiras, de baioneta em punho e malemolência nos quadris.
Cachoeira, portal do Recôncavo, este que mais parece um exemplar eternizado, num sopro do tempo, da Bahia em sua gênese.
Não qualquer olhar, mas há olhares que enxergam esta disritmia cronológica, que fez congelar no tempo, como uma tatuagem viva, as marcas da época de outrora.
Não a toa que a capital da Bahia, uma vez por ano, muda-se para lá. Cachoeira. Encantos, sutilezas, dualismos gentis, tradições, fé e ancestralidade exalam de ti. Do pitoresco mercado, da excentricidade de seu povo, culinária e ruelas à repercussão mundão a fora.
Do olhar poético e fotográfico, ao jornalístico e literário, suas cores, cheiros, impressões e contradições são pujantes. Oxalá sua extirpe de pedaço da Bahia antiga jamais fosse corrompida, desvirginada, por uma sociedade que cultua o selfie fugaz e despreza a cultura raiz.
Ah, Cachoeira…
*Este conto faz parte da série especial do Bahia na Lupa, iniciada neste sábado, 09 de agosto, que homenageia a Bahia, recontando suas histórias, de cidades históricas àquelas “invizibilizadas”. Acompanhe, sugira pautas, participe!