Casa de Farinha. Mas pera aí, é o quê? Um bar, um restaurante, um museu? A resposta fica por conta de Margarethe Rodrigues, a Margô, sócia-proprietária da casa: “Optamos por não colocar o nome ‘restaurante’ na fachada, porque não queremos que as pessoas entrem, comam e saiam. Queremos que elas fiquem, conversem, apreciem a música e o lugar”.

Foto: Cadu Freitas

É este acolhimento, este aconchego, que reflete a experiência sensorial e gastronômica da Casa de Farinha, há quatro meses protagonizando culinária incrível no coração do Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador. Neste Sábado de Aleluia (16), quase que por acaso, o Catado de Cultura experimentou o tempero e a sensação de mergulhar na história da Bahia ao visitar o restaurante.

Margô, sócio-proprietária da Casa de Farinha. Foto: Cadu Freitas

“A inspiração vem de tudo que já comi, tudo que já experimentei, mas sem fugir da regionalidade. Naturalmente estamos no Centro Histórico de Salvador e temos que falar de nossas raízes e a gente fala com o ambiente e, especificamente, com a comida”, afirma o jovem e talentoso chef Jota Moraes, que assina o menu da casa.

Chef Jota Moraes dedica atenção especial a cada cliente. Foto: Cadu Freitas

Ele explica que a ideia da Casa de Farinha é mostrar que a gastronomia nordestina e baiana têm espaço na contemporânea e na alta gastronomia: “Então, por mais que eu busque essas inspirações fora do Brasil e também em outras regiões brasileiras, sempre vai ter um traço forte da comida nordestina que é a nossa linha de construção do menu”.

Foto: Cadu Freitas

Já a entusiasmada e acolhedora Margô, mãe do chef, narra as riquezas históricas da requintada casa. “Quando meu filho e eu entramos aqui tivemos essa mesma surpresa que todos têm. É uma casa do século XVIII, as paredes foram construídas com óleo de baleia, terra e pedra, nosso piano é datado de 1920 a 1930, o caixa é do mesmo período, que é o nosso dengo, todo talhado à mão. Então é este encantamento”, conta.

A proprietária lembra que o sonho do chef Moraes foi abraçado de imediato, à primeira vista, mesmo sentimento que invade os clientes que conhecem o local pela primeira vez. “Abraçamos esse sonho, que é o sonho do meu filho, de abrir um restaurante neste nível, com música, comida maravilhosa, drinks, tudo autoral, tudo feito por ele”.

“Que tarde encantadora, maravilhosa. O lugar, a música, a comida, tudo nos mínimos detalhes de delicadeza e atenção. Estou muito feliz de ter vivido essa experiência”, diz a professora aposentada Tânia Cerqueira, que almoçou com a família.

Caixa registradora original do século XVIII. Foto: Cadu Freitas

O cardápio é bem completo, agrada paladares diversos e o preço é super justo. Experimentei o queijo coalho com melado de cana, saborosíssimo e tostado no ponto – custou R$ 29,99.

Foto: Cadu Freitas

O prato principal foi o Baião de Dois com Camarão e Polvo, Quiabo Tostado e Picles de Maxixe, uma explosão de sabores. Tempero leve, polvo irretocável, camarão idem, quiabo delicioso e o picles de maxixe é um escândalo. Muito bem servido e o preço ótimo, R$ 75,90. Para encerrar, um cafézinho mineiro de sabor impressionante.

Foto: Cadu Freitas

Cada metro quadrado do restaurante reserva um mergulho na história colonial da Bahia, seja na decoração, iluminação ou na preservação da arquitetura e até no maquinário artesanal da antiga casa de fazer farinha. A equipe da casa é de uma educação impressionate e o atendimento é nota dez.