Os grãos, selecionados e apostos ao lado do cavador, na noite anterior, anunciavam que o dia seguinte era de plantio. A reza, antes de dormir, pedia: “Chuva, Senhor, muita chuva”. A esperança era a marca maior do dia que já estava quase por raiar.
Ao amanhecer, Seu Zé do Brejo tateia a moringa com água fresca, senta na capa, percorre o piso de barro batido à procura das alpercatas velhas de couro. Um gole d’água na caneca de alumínio, sinal da cruz na fronte e, de pé, procura a janela, apura o olfato, presta atenção no som tenro que vem do terreiro…
Ao abrir a janela de madeira de lei, sorrir ao olhar para o céu nublado, ergue os braços para o alto e, num brado de felicidade agradece pela chuva fina que caia: “Valeu-me, São José, a colheita este ano vai ser próspera”!
Era dia de São José, e o nordestino agricultor rompeu-se de felicidade, pois, diz a lenda, se chover no dia do Santo, data do plantio de milho e amendoim para o São João, a colheita é afortunada.