Bons eram os tempos em que se andava nas ruas, passava pela molecada jogando bola, a redonda vinha em sua direção e a gurizada gritava um inocente: “Chuta de volta aí, tio”!

Velhos tempos.

Ser chamado de ‘tio’, mesmo acreditando ainda gozar da flor da idade, ledo engano, era melhor do que aquilo que me ocorreu dias atrás.

Baba de rua x inocência da infância perdida... Sem pieguismo! | Foto: Alessandro Bomfim

Baba de rua x inocência da infância perdida… Sem pieguismo! | Foto: Alessandro Bomfim

Sem a mesma plateia boêmia da crônica similar do amigo, de boteco e profissão, Murilo Gitel. Tendo apenas o sol escaldante à molhar a nuca de suor, poucas janelas abertas, cheiro de feijão donzelo, ao alho, cebola e óleo, que perfumava o cenário…

Pedras disformes demarcavam as traves, cada uma medindo ‘três passos’, e um pequeno refluxo de esgoto que jorrava da fresta entre a calçada e o asfalto.

Lá vem ela, a bola, rolando perfeita em minha direção. Há uns tipos mequetrefes que zombam dizendo que a bola ‘é que nem remédio, só procura os doentes’. Mentira! Mentira! Até que já dei minhas pedalas a la Robinho (só que não!) em campo…

Domino-a. Mãos na cintura. Esboço fazer uma graça, para posar de ‘tio’ bacana com a galerinha:

– Tem vaga neste baba?

A resposta foi pior que um pontapé no saco:

– Chuta logo essa ‘disgraça’, seu ‘fila’ da puta!