A cantora morreu em sua casa, em São Paulo capital, ao lado de sua família, dona de vários sucessos que marcaram gerações, conheça um pouco da história da compositora cômica de humor ácido, mas humana
“Tem pessoas que a gente não se esquece nem se esquecer”, esse trecho da música ‘minha vida’ de composição da artista, define o que Rita Lee marcou e marcará para sempre os corações de milhões de brasileiros, sua importante contribuição para a música do Brasil, em especial, ao rock brasileiro que a consagrou como rainha. Morreu na noite da última segunda-feira (08), Rita Lee, aos 75 anos. Há 2 anos, a compositora foi diagnosticada com um câncer de pulmão, desde então, seguia com os tratamentos contra doença.
O público soube da morte da cantora na manhã desta terça-feira (09), através do comunicado feito pelos familiares e da assessoria de Rita Lee, divulgado nas redes sociais da cantora. “Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou”, relata o informe. Ainda segundo o boletim, o velório acontecerá no Planetário do Parque Ibirapuera, na quarta-feira (10), das 10h às 17h. Será aberto ao público.
Paulistana, nascida e criada, no bairro da Vila Mariana em (SP), a artista desde muito nova já demonstrava ser talentosa, ainda criança, Rita Lee teve aulas de piano, mas foi na adolescência que as primeiras composições saíram da memória da compositora, e, a partir deste momento, a música não saiu mais da sua vida.
Durante a década de 1960, assim como todos os jovens de sua geração, Rita Lee gostava de bandas de rock internacionais como Elvis Presley, The Beatles e Rolling Stones. Suas inspirações nacionais foram os cantores brasileiros Cauby Peixoto e João Gilberto, cantor de bossa nova e um dos criadores do estilo, grande parte por influência dos pais que ouviam em casa os clássicos da MPB.
Rita Lee foi uma das primeiras mulheres a subir no palco com um jeito cômico, de cabelo liso avermelhado, e de franjas de mesma cor, segurando uma guitarra e no comando dos vocais. Após abandonar o curso de Comunicação Social da USP, entrou para banda com o estilo de rock psicodélico ‘Os mutantes’, entre os anos de 1966 e 1972. Coincidentemente, a banda se une ao grupo tropicália, contra o regime militar e ditatorial do Brasil.
Após divergências com seu antigo marido, e guitarrista da banda ‘Os Mutantes’, Rita saiu do grupo, e formara com amigos a banda Tutti Frutti, em 1973, onde gravou diversos discos que se tornara sucessos. Foi a coroação da cantora como Rainha do Rock, e sua obra seguia irreverente. Depois de um período conturbado na carreira, Rita precisou cumprir prisão domiciliar, como punição por conta do uso de drogas ilícitas, no período mais sangrento do país.
Rita Lee se casou posteriormente com o músico Roberto de Carvalho, parceiro até o último dia da cantora, tiveram três filhos: Beto Lee, em 1977, João, em 1979 e Antônio, em 1981. A artista marcou gerações com faixas e singles, ao todo foram 60 anos de carreira, sempre em ascensão e consolidada, dona de uma postura irônica, a cantora se tornou o símbolo da luta feminina, dos animais, a verdadeira transgressão do estilo no Brasil.
Em 2012, a cantora se despediu do palco, alegando problemas de saúde. Em Sergipe, no último show da turnê da despedida, foi marcado por polêmica, Rita além de agitar o público, discutiu e insultou a corporação da Policia Militar. “Eu sou do tempo da ditadura. Vocês pensam que eu tenho medo?”, insultou Rita Lee. Depois ela desistiu da ideia de sair de cena, e retornou aos palcos para comemorar os 50 anos de carreira e participar do aniversário de São Paulo.
Em sua autobiografia, em 2016, lançada pela Globo livros, Rita Lee descreveu como seria o hoje, data que marca sua partida, para alguns, a declaração soa como uma profecia. “Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída”, relatou Rita Lee.
“Os fãs, esses sinceros, empunharão capas dos meus discos e entoarão “Ovelha negra”, as TVs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória para exibir no telejornal do dia e uma notinha no obituário de algumas revistas há de sair. Nas redes virtuais, alguns dirão: “Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk”, Ressaltou a artista.
“Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum neles e me levantaria do caixão para vaiá-los. Enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu tocando minha autoharp e cantando para Deus: Thank you Lord, finally sedated ”, Declarou Rita Lee que falava cinco idiomas.