A cafeicultura chegou ao estado em torno de 1970, com um clima favorável e solos nutritivos, a Bahia se tornou um leito perfeito para o cultivo e a produção dessa bebida tão apreciada ao redor do mundo
Café, um grão cereja, ou fruto, que moído se tornara um dos produtos mais consumidos do mundo. O Brasil se consolidou como o maior produtor desta iguaria que faz parte do cotidiano dos brasileiros. Neste domingo (14), data em que comemora-se o dia mundial do café, o Catado preparou esta reportagem que fala sobre como a Bahia é referência e um dos estados premiados no mercado internacional pela produção de Cafeicultura.
Segundo dados do IPC Maps, índice que avalia o potencial de consumo nacional há 30 anos. O café movimentou mais de R$ 18,1 bilhões em 2023, no comparativo com o ano anterior, o crescimento foi de 4,3%, equivalente a R$ 17,4 bilhões. O dado mostra que a bebida segue em ascensão e valorizada em todo Brasil.
A Bahia que também continua sendo referência e centro de Cacauicultura, por sua vez, se destaca na produção de café, o estado segue sendo um dos quatros maiores produtores do país e deve ter crescimento de 6,4% na produção total de café, portanto, 3,6 milhões de sacas são previstas até setembro.
Ainda segundo o Boletim da Conab. É esperado 1,2 milhão de sacas de café arábica. A alta da produção é atribuída à bienalidade positiva, limitado pela previsão de chuvas abaixo da média., enquanto a produção de Café Canilon tem uma estimativa de 2,3 milhões de sacas. Resultado do bom pacote tecnológico, mas limitado pela previsão de chuvas abaixo da média.
Café Conilon e Café Arábica?
Para que haja o entendimento e a compreensão dos dois tipos de cafés, produzidos pelo estado, o Portal entrevistou o especialista Lucas Castro Campos, Mestre de Torra, degustador e consultor de cafés especiais e mora na Chapada Diamantina há cerca de 11 anos.
O especialista analisa que o sabor é o principal fator para diferenciar os dois tipos de cafés, além disso, o Arábica é considerado um café mais fino, comparado com o Robusta ou Conilon, que apesar de ser neutro, devido ao processo de cultivação, torrefação, acaba perdendo sua originalidade.
“São espécies diferentes. O Arábica tem uma paleta de sabores mais nítidas e fáceis. O conilon tem uma paleta de sabores mais variada e complexa. Tem também mais cafeína. Mas é menos comum achar conilon especial devido a dificuldade de manejo. Mas ambos podem ser experiências incríveis”, afirma Lucas.
Geografia de Produção do Café na Bahia
Os grãos de café produzidos pela Bahia são cultivados em 3 regiões: O café arábica no estado se dá nas regiões do Planalto (centro-sul e centro-norte baiano) e no Cerrado (extremo-oeste da Bahia).
“De maneira geral, o Planalto se caracteriza pelas áreas de maior altitude e clima ameno, favorecendo o desenvolvimento do café na região, especialmente aquele grão destinado para produção da bebida de maior qualidade.” Afirma a Conab em seu último boletim.
Diferente do que ocorre no Planalto, cuja produção se dá por pequenas propriedades. A produção de café no cerrado já é mais tecnológica e mecanizada, além de ser empresarial.
“No Cerrado se cultiva exclusivamente o café do tipo arábica, tendo manejo totalmente irrigado e possuindo um cultivo concentrado em grandes propriedades, conduzido por grupos empresariais, e tendo 100% das operações de colheita em caráter mecanizado”, afirma a Conab.
As lavouras de café no Cerrado estão divididas em quatro municípios: Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, São Desidério e Cocos.
Chapada Diamantina e seu ouro negro
Considerados cafés especiais, os produtos cultivados em fazendas da Chapada Diamantina, fazem com que o países, espalhados pelo mundo, sintam-se atraídos pela iguaria de solo baiano, além de impulsionar a economia local. A prova deste feito são as exportações para os EUA, Austrália, Noruega, Japão e Coreia do Sul Dinamarca.
Segundo a pesquisa realizada pela BSCA, Associação Brasileira de Cafés Especiais. Em 2023, 11 marcas da região da Chapada entraram para o Ranking das 30 melhores do Brasil. A produção vinda de Piatã, um dos pontos mais altos da Bahia, com altitude de 1.260 metros acima do nível do mar, além de um clima propícios para a cafeicultura, e Mucugê se destacam, sendo reconhecidos até mesmo, em festivais e concursos tantos nacionais e internacionais.
“Temos uma identidade única e estamos em processo de tornar o nosso café selado por indicação geográfica, denominação de origem e procedência. Temos a nossa princesinha dos concursos, Piatã, que desponta nos concursos nacionais, e além de tudo isso, um manejo adequado dos produtores que fazem uma verdadeira odisseia até chegarem os grãos às xícaras”, afirma o especialista Lucas Castro Campos.
Para ver a entrevista completa com o especialista de café, Lucas Castro Campos, basta clicar aqui.
Um negócio valioso
Contudo, os brasileiros têm sentido no bolso nas idas aos mercados, devido a oscilação nos valores cobrados pelo produto, uma bebida típica, de aroma irresistível, tida como símbolo cultural em todo território nacional, onde o Brasil é o maior e principal produtor de café do mundo, cada vez, tem caminhado para se tornar uma bebida de luxo, consumidas por classes altas.
Brenda Matos, 31 anos, especialista em Cafés Especiais e Fotógrafa de Gastronomia, resume o que leva o grão e a bebida terem se transformados em produtos com preços em alta, fortemente influenciada para mercado internacional.
“O café – mais especificamente o café especial – é um produto que passa por uma cadeia produtiva que demanda muito cuidado e tempo. Nessa relação entre cafeterias, torrefações e produtores, é aplicado um preço de compra do grão verde acima do valor de mercado (do café commodity, por exemplo) na intenção de valorizar o trabalho de qualidade feito nas fazendas – a fim de tornar essa relação cada vez mais justa para quem está na base dessa pirâmide. Essa mesma lógica se aplica para o trabalho das microtorrefações, cafeterias e baristas especializados na área”, afirma Brenda Matos.
Confira a entrevista completa com a especialista de café, Brenda Matos. Clique aqui.