“Eu vou prá Maracangalha… Eu vou! Eu vou de uniforme branco… Eu vou! Eu vou de chapéu de palha… Eu vou! Cem anos do nascimento de Dorival Caymmi, um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira, são completos nesta quarta-feira, 30 de abril de 2014. A espontaneidade que marcava as composições do artista faz com que sua obra seja ainda hoje atual. O músico deixou como herança suas canções, inspiradas no mundo que ele via ao seu redor, retratando o mar e a natureza, os pescadores, o povo negro, sua vida na Bahia e no Rio de Janeiro. “Há uns olhos especiais pra ver a música. Primeiro ver a música, depois digerí-la, e transformá-la numa canção. Você vê, vê primeiro”, dizia.
Mesmo tendo deixado a Bahia ainda jovem, a afetividade de Caymmi com a terra natal se traduz no movimento das marés, na simplicidade ligada às ondas, à areia, à brisa, à religião, tudo que o mar envolve. A Bahia que Caymmi cantava não era uma saudade deixada no passado. Sua música O que que a baiana tem? se tornou conhecida em todo o mundo na voz da cantora Carmem Miranda, assim como tantas outras se tornaram parte do dia a dia dos brasileiros.
Relembre o especial com trechos do documentário Um certo Dorival Caymmi
No programa Musicograma, no player abaixo, o próprio Caymmi conta as histórias de canções e suas inspirações. Você assiste, também, ao músico interpretando clássicos como Mãe Menininha do Gantois, Você já foi à Bahia, Coqueiro de Itapuã, Noite de Temporal e Vatapá:
Biografia
Nascido em 30 de abril de 1914, em uma casa de pessoas “musicais”, como ele mesmo descrevia, Caymmi cresceu assistindo aos saraus promovidos pelo pai, Durval Henrique, em que ouvia a mãe, Aurelina, cantar músicas de variados estilos. Foi ao lado de seu amigo de infância, José Rodrigues de Oliveira, o Zezinho, que Dorival se aventurou pelas ruas de Salvador e teve o primeiro contato com o rádio, cantando na Rádio Clube da Bahia. Nessa época eles formaram o grupo Três e Meio, com os irmãos Deraldo e Luiz no tambor e pandeiro, respectivamente, Zezinho no cavaquinho e Dorival ao violão. Luiz era o irmão menor de Dorival, por isso o nome do conjunto.
O trio “e meio” se divertia reproduzindo músicas de Noel Rosa e Carmem Miranda, que eram sucesso na época. Mas mesmo fazendo apresentações e recebendo alguns cachês com seu trabalho, Caymmi não enxergava a música como atividade profissional, e resolveu viajar ao Rio de Janeiro para cursar direito. A capital fluminense foi palco para a descoberta definitiva do artista Dorival Caymmi. Na rádio Tupi, Teófilo de Barros Filho se impressionou com o jovem baiano recém-chegado à cidade e logo o apresentou à cantora Carmem Miranda – que daria projeção internacional a algumas de suas canções. Em pouco tempo, Dorival passou a integrar a elite dos cantores que faziam sucesso no rádio nos anos 1930 e foi, mais tarde, influência para artistas como João Gilberto, Caetano Veloso e Tom Zé.
*EBC