Poucas pessoas param para pensar no consumo de energia do seu laptop quando o deixam ligado por horas sem estar sendo utilizado. Mesmo quem tem mais consciência e opta por colocar o aparelho em “standby”, não sabe que na realidade o gasto de energia pode continuar sendo alto.

Agência Internacional de Energia alerta que a eletricidade gasta por computadores, tablets, celulares e eletrodomésticos de nova geração conectados à Internet em standby já ultrapassa o consumo total de muitos países. Foto: Daniele Civello

Agência Internacional de Energia alerta que a eletricidade gasta por computadores, tablets, celulares e eletrodomésticos de nova geração, conectados à Internet, em standby, já ultrapassa o consumo total de muitos países. Foto: Daniele Civello/Flickr

Esse é o alerta que fez nesta semana a Agência Internacional de Energia (AIE), ao divulgar o relatório “More Data, Less Energy: Making Network Standby More Efficient in Billions of Connected Devices” (Mais Dados, Menos Energia: Fazendo o network standby mais eficiente em bilhões de aparelhos conectados).

De acordo com o documento, os mais de 14 bilhões de aparelhos “online”, como modems, computadores, tablets, impressoras e novos modelos “inteligentes” de televisores, geladeiras e máquinas de lavar, consumiram em 2013 o equivalente a 616 terawatts hora (TWh). Destes, cerca de 400 TWh foram desperdiçados na função “standby”.

Para se ter ideia do que isso significa, 400 TWh é mais energia do que é consumido durante um ano no Reino Unido e na Noruega. Além disso, representa US$ 80 bilhões em geração de energia jogados no lixo.

“A proliferação de aparelhos conectados à Internet traz muitos benefícios para o mundo, mas seus custos em energia estão bem acima do que deveriam ser”, disse Maria van der Hoeven, diretora-executiva da AIE.

“Consumidores estão perdendo dinheiro na forma de energia desperdiçada, o que, por sua vez, leva a maiores custos na geração e distribuição”, completou, informando ainda que, se nada for feito, o prejuízo ultrapassará os US$ 120 bilhões anuais até o fim da década. Para a AIE, o problema está no que foi chamado de “network standby”, que é o momento no qual o aparelho está inoperante, mas sua conexão com a Internet segue constante.

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“Em muitos casos o “standby” é enganoso, fazendo a pessoa acreditar que o equipamento está em um estado de dormência, quando na verdade toda a parte responsável pela conexão à Internet segue funcionando a pleno vapor”, afirma o documento. Segundo a agência, ainda não existe tanta preocupação com eficiência energética quando o assunto são tecnologias online, e o que a indústria precisa fazer é promover ações semelhantes às que foram adotadas para lidar com o “standby” de equipamentos convencionais.

De acordo como o relatório, desde 1986 a indústria de eletroeletrônicos vem desenvolvendo novas tecnologias e criando mecanismos como selos de consumo que resultaram em equipamentos que hoje utilizam apenas uma parcela da energia que se desperdiçava em “standby” há alguns anos.

Por exemplo, no país líder nesse tipo de medida, a Coreia do Sul, uma residência hoje gasta menos da metade da energia com equipamentos em “standby” do que se desperdiçava em 2003, mesmo possuindo um número muito maior de aparelhos. “Apenas usando o que de melhor temos em termos de eficiência energética em eletrônicos, já se reduziria o consumo de energia desses aparelhos online em 65%”, destacou van der Hoeven.

Se forem colocadas em prática, essas medidas ajudariam a poupar 600 TWh até 2020, o equivalente a desligar 200 termoelétricas a carvão de 500 MW, representando um redução nas emissões de gases do efeito estufa de 600 milhões de toneladas métricas.

Aqui no Brasil, mesmo o “standby” de aparelhos convencionais ainda é um problema grave e, segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), a conta de um lar pode aumentar em até 15% dependendo da quantidade de eletrodomésticos.

*Via Instituto Carbono Brasil