Os parques eólicos que vão se instalar no Nordeste vão ter uma capacidade instalada para gerar 10 mil megawatts (MW) até 2019. Para se ter uma ideia, isso corresponde a todo o sistema gerador implantado pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) em mais de quatro décadas e que compreende 14 hidrelétricas e uma termelétrica.
Complexo Ventos de Santa Brígida em Pernambuco/Foto: Aluísio Moreira/SEI/Fotos Públicas
“Além do Nordeste, só o Rio Grande do Sul tem novos projetos até 2019. Há uma perspectiva muito boa do crescimento da energia eólica que vai se concentrar na região nos próximos quatro anos”, conta o diretor técnico da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Sandro Yamamoto, ao Jornal do Commercio.
Além dos 10 mil megawatts previstos para o Nordeste, também ocorrerá a implantação de mais 500 MW em outras regiões do País. “No Nordeste, o problema será a linha de transmissão. No começo de 2016, está sendo aguardado um grande leilão de linha de transmissão para escoar essa produção dos parques eólicos”, conta Sandro.
Grandes players do setor já estão interessados. “A nossa intenção é participar do leilão de linhas de transmissão para escoar a energia de empreendimentos com a capacidade instalada para gerar 14 mil MW até 2019”, diz o presidente da Chesf, José Carlos de Miranda Farias. Ele argumenta que a Chesf já fez os melhores aproveitamentos hidrelétricos do Nordeste e que há uma tendência da empresa em investir em energia solar, eólica e biomassa na região.
80% no Nordeste
Até 2019, a expectativa da ABEEólica é ter instalado 18,7 mil MW de energia fabricada a partir dos ventos. Esses empreendimentos garantiram a comercialização da energia nos leilões realizados pelo governo federal. No setor elétrico, geralmente a empresa vende a energia no leilão e depois constrói o empreendimento. Atualmente, o País tem parques eólicos com a capacidade instalada para produzir 8,2 mil MW. Desse total, 6,5 mil MW estão instalados em empreendimentos no Nordeste, que responde por 80%.
Está previsto a realização de um grande leilão de energia para fevereiro de 2016 com a energia que vai passar a ser fabricada a partir de 2021. Segundo Sandro, a expectativa da ABEEólica é de que uma boa parte dessa energia tenha como matéria-prima os ventos “nesse leilão e nos próximos”. A energia eólica ficou muito competitiva. Os grandes fabricantes de equipamentos eólicos se instalaram no País e esse tipo de energia ficou mais barata. “A tendência é que surjam mais parques em outros Estados, como São Paulo”, conta Sandro.
Compromisso brasileiro
Até a 21ª Conferência do Clima (COP21) realizada recentemente em Paris contribui para o otimismo do setor. Lá, o Brasil assumiu o compromisso de ter 23% de energia renovável no seu mix até 2030 sem incluir as hidrelétricas. Hoje, esse percentual está em 15%. “Dá para aumentar nessa proporção porque há uma projeção feita pelo governo federal de que 11,6% de toda a energia produzida no País venha dos ventos em 2024”, revela Sandro. Atualmente, os parques eólicos correspondem a 5,8% de todo o potencial elétrico instalado no País.
O especialista acredita, ainda, que devem crescer os empreendimentos que vão gerar energia também a partir do sol e da biomassa, em função da necessidade de aumentar a energia elétrica produzida a partir de fontes renováveis.
(Via EcoD)