Uma história que esperou 200 anos para ser contada…

Há 200 anos, o mundo passava por grandes transformações. Os ventos de mudança provocados pela revolução francesa varriam o absolutismo da Europa, enquanto as tropas de Napoleão avançavam impiedosamente pelo velho continente. O Brasil, que virou sede do governo português após a fuga da família real para cá, estava em crise e dividido.

A polarização era entre o partido português – absolutista e defensor da volta do Brasil ao status de colônia – e o partido brasileiro – defensor do liberalismo e da independência. Esse é o cenário do romance histórico Sete dias em setembro, do escritor Victor Mascarenhas.

O autor do livro, Victor Mascarenhas | Foto: Ari Capela

“O mundo estava num momento extremamente turbulento e o Brasil não estava fora desse contexto, muito pelo contrário”, diz o autor, que prossegue: “A proposta do livro não é recontar pela enésima vez a narrativa oficial sobre D.Pedro, princesa Leopoldina e José Bonifácio. A ideia é levar o leitor para uma aventura num país que lutava para começar sua própria história, num cenário que tem muitos paralelos com o Brasil atual, que de tão polarizado mal conseguiu comemorar o bicentenário da independência em 2022”.

O livro – dividido em sete partes, uma para cada dia da semana que antecede a independência – é protagonizado pelo correio-geral da corte Paulo Emílio Bregaro e pelo major Antônio Ramos Cordeiro, os dois mensageiros que partiram do Rio de Janeiro para São Paulo com a missão urgente de entregar a D.Pedro as cartas que provocaram o jovem príncipe a declarar a separação do Brasil de Portugal.

A viagem da dupla transforma-se numa jornada perigosa, onde os mensageiros são obrigados a enfrentar salteadores, opositores da independência e inimigos do príncipe, enquanto cavalgam desesperadamente para alcançar o imprevisível D.Pedro e vão sendo transformados pelo que conversam e veem nessa viagem pelo interior do país.

Contado pela ótica dos coadjuvantes, o livro resgata personagens reais e pouco conhecidos, como o velho conde holandês e general de Napoleão Dirk van Hogendorp, que vivia exilado na floresta da Tijuca e era conselheiro informal de D.Pedro; o frei Arrábida e dona Maria Genoveva, respectivamente o preceptor e a governanta que acompanhavam Pedro desde criança; Plácido Pereira de Abreu, o alcoviteiro e sócio do príncipe; o maestro Marcos Portugal, professor de música de Sua Alteza; o cônsul britânico Henry Chamberlain; o incendiário jornalista baiano Francisco Gê Acaiaba Montezuma ou Maria do Couto, dona de uma estalagem em Cubatão que oferece chá de goiabeira para amenizar os efeitos da famosa dor de barriga que acometeu o futuro imperador do Brasil às margens do Ipiranga.

Construído sobre farta pesquisa e inspirado no estilo de folhetins como Memórias de um sargento de milícias e Os três mosqueteiros, o livro mistura ficção e realidade para construir um painel histórico e político da época, traçando paralelos com o presente que podem ajudar a entender nossa realidade atual.

Sete dias em setembro é mais um livro do selo Cafeína, do próprio autor, publicado pela editora P55. “O selo surgiu para garantir maior autonomia criativa para meu trabalho e a P55 é uma parceira que entende essa opção e chega junto para viabilizar o projeto, com excelente padrão de qualidade e total cumplicidade”, diz o autor.

“O livro seria lançado em 2022, para comemorar os 200 anos da independência do Brasil, mas resolvemos adiar para 2023 por causa do uso politico que o ex-presidente fez da data. Agora, que o Brasil parece estamos voltando a uma certa normalidade, acho que o livro vai poder cumprir melhor o seu papel”.

O livro custa R$ 50

Sobre o autor

Victor Mascarenhas é escritor e roteirista. Sua carreira literária começou em 2008, quando venceu o Prêmio Braskem Cultura e Arte, da Fundação Casa de Jorge Amado, e lançou o livro de contos “Cafeína”. Seu segundo livro, “A insuportável família feliz”, foi lançado em 2011, mesmo ano em que o autor foi finalista do Prêmio OFF Flip de Literatura.

Em 2013, um dos contos desta obra foi adaptado para história em quadrinhos, na graphic novel “Billy Jackson”, em parceria com o premiado ilustrador Cau Gomez, considerada uma das melhores do ano pelo site Universo HQ. Ainda em 2013, saiu “Xing Ling made in China”, o primeiro romance do autor.

Dois anos depois, em 2015, foi publicado “Um certo mal-estar”, mais um volume de contos, reunindo textos premiados e publicados em antologias, sites e jornais literários Brasil afora. Em 2019, após participar do circuito Arte da Palavra do SESC, dando oficinas literárias em diversas cidades do país, lançou o romance “O som do tempo passando”, primeiro projeto do selo Cafeína e da parceira com a P55 Edições, que se repete agora, em 2023, com o romance histórico “Sete dias em setembro”.

SERVIÇO

Lançamento “Sete dias em setembro”

Data: 18/04/23 – terça-feira

Local: Mariposa, Shopping Boulevard 161 – Salvador/BA

Horário: a partir das 18h

Preço do livro: R$ 50