Startups quase triplicaram entre 2015 e 2019, porém, a maioria dos fundadores (64,8%) se autodeclara branca

Nem mesmo o cenário de pessimismo provocado pela pandemia tem consigo desacelerar o mercado de startups do Brasil. Até novembro de 2020, foi investido o valor de US$ 2,87 bilhões em startups no país, segundo dados do Inside Venture Capital Brasil. Contudo, o setor ainda se constitui como um reflexo da desigualdade racial existente no país, sendo constituído, majoritariamente, por pessoas brancas.

“A diversidade é um dos pontos-chave para que a tecnologia atenda e alcance as pessoas de forma mais inclusiva, mas infelizmente ela ainda não faz parte da nossa realidade”, reflete o afroempreendedor , Átila Lage, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento na Dixx, um aplicativo de intermediação de serviços domésticos.

Na contramão das estatísticas, a Dixx é inteiramente formada por pessoas negras e, apesar dos desafios que afroempreendedores enfrentam em um ambiente majoritariamente branco, a empresa tem recebido alguns indicativos da consistência do trabalho realizado. Em 2020, ela foi eleita uma das dez melhores startups de Salvador pela Amcham Arena e recebeu, pelo segundo ano consecutivo, o Selo de Diversidade Étnico-Racial da Prefeitura de Salvador. A empresa foi acelerada pelo Sebrae Bahia, compõe a rede Vale do Dendê e está sendo acelerada em uma parceria da Google for Startups com a Vale do Dendê e Qintess.

A baixa representatividade negra entre os fundadores de startups na capital baiana também é apontada pelo mapeamento da Abstartups, segundo o qual 18,2% dos fundadores são pretos, 32,2% são pardos, e 46% se diz branco. Ainda que pretos e pardos sejam maioria, o quantitativo apontado pela pesquisa é baixo para uma cidade em que, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, o número de negros é superior a 80%.

Para ele, já é perceptível o aumento da participação de jovens negros em eventos de tecnologia, especialmente na capital baiana. “Mas acredito que faltam eventos, palestras e mídias que conversem também com nossos interesses, com o que almejamos, espaços onde a gente se veja. Pois temos muita criatividade para ser colocada em prática e inovações para serem alcançadas”, complementa.

A Dixx

A Dixx foi criada em 2019 com a proposta de ser uma empresa que faz a intermediação de bons profissionais e clientes. O aplicativo foi pensado por Ewerton Souza e Ana Carolina Soares ao perceberem que não tinham um meio de buscar pessoas capacitadas, ao mesmo tempo que as pessoas que realizavam serviços domésticos não estavam satisfeitas com a valorização e remuneração recebida.

O aplicativo de serviços domésticos conta com mais de 300 profissionais cadastrados, ofertando serviços de limpeza empresarial e residencial, passadoria, lavagem de estofados, cozinha e mudança. Tem mais de 27 mil clientes inscritos, com prestação de serviço em Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari e Feira de Santana e, ainda este ano, deve iniciar operações em Sergipe. O @dixxapp pode ser baixado de forma gratuita no Google Play e App Store.