As primeiras análises sobre a vitória do Brasil sobre Camarões dão conta de que a partida desta segunda-feira, 23 de junho, foi a melhor do time nesta primeira fase da Copa do Mundo. Eu acrescentaria: valeu pelo segundo tempo.

Na etapa inicial, embora o time de Felipão (o mesmo da estreia diante da Croácia) tivesse dominado a já eliminada seleção camaronesa na maior parte do tempo, também é verdade que os velhos problemas das partidas anteriores vieram à tona: falta de compactação entre defesa, meio e ataque, má qualidade na saída de bola, ausência de cobertura aos laterais e marcação ineficiente.

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Deve-se destacar, é verdade, a disposição coletiva, mas, sobretudo, a genialidade de Neymar, que mais uma vez fez a diferença quando as coisas em campo andavam bem difíceis. No primeiro gol brasileiro, ele escorou com sutileza o cruzamento preciso do volante Luiz Gustavo (que também jogou muito), deixando o goleiro camaronês sem ação. Já no desempate, recebeu passe de Marcelo, arrancou em velocidade para cima dos zagueiros, cortou para a direita e bateu cruzado. Era o gol que o time precisava para ter um pouco mais de tranquilidade antes do intervalo.

Já na etapa final, Felipão promoveu as entradas de Fernandinho e Ramires nos lugares de Paulinho e Hulk, respectivamente. E o time melhorou consideravelmente.

Fernandinho acrescentou maior proteção no setor de meio campo, algo que Paulinho ainda não conseguiu fazer neste mundial. Como se não bastasse, participou do terceiro gol brasileiro ao dar assistência para David Luiz que, curtindo uma de lateral, cruzou na medida para Fred desencantar na competição. E mais: ele, Fernandinho, encarregou-se de marcar o gol da vitória, após tramar ótima tabela com o centroavante do Fluminense e concluir de bico, já dentro da área africana.

Com a goleada já consolidada, Felipão poupou Neymar para o difícil desafio do próximo sábado (28), diante do Chile, nas oitavas de final, e colocou o meia William.

É inegável que Paulinho e Hulk acrescentaram muito a Seleção Brasileira em 2013, na Copa das Confederações. Também é um fato que ambos são jogadores da confiança de Felipão. Mas eu arrisco dizer que tanto o volante como o atacante não têm feito bem a equipe hoje. Paulinho não está 100% fisicamente, o que compromete seu desempenho em nível técnico e tático. Hulk, embora importante taticamente, pois ajuda na marcação dos defensores adversários, rende pouco com a bola nos pés.

O que está faltando, portanto, para que Felipão enxergue o óbvio e reconheça que Fernandinho e William (ou mesmo Ramires) pedem passagem nesse time e podem oferecer um rendimento melhor?

Uma competição de “tiro curto”, como a Copa do Mundo”, não permite a repetição de erros por muito tempo. Toda a convicção é louvável desde que ela mostre resultados. Quando não mostra, é preciso ter humildade para reconhecer que mudanças precisam ser feitas em detrimento da vaidade e do melhor para a equipe.

Espero, sinceramente, que Felipão não pague pra ver.