A facilidade com que a internet e as redes sociais permitem nos comunicarmos e trocarmos informações, filmes e fotos nos faz crer que, em tal fugacidade, tudo que fazemos ali desaparecerá – quando a realidade, dependendo de qual for a natureza dessa troca, é exatamente o oposto. Aplica-se a mesma lógica sobre a facilidade com que aparentemente nos aproximamos de pessoas e fazemos “amigos” virtualmente, e o que temos é uma matemática arriscada. Nada desaparece na internet, e tudo pode se tornar publico instantaneamente – especialmente se confiarmos nossa intimidade com que não devíamos.
Foi partindo dessa perigosa equação que o fotógrafo norte-americano Evan Baden criou a série Technically Intimate (Tecnicamente Íntimo), para registrar o universo do sexting, ato de enviar mensagens eróticas adornadas pelos famosos ‘nudes’, ou fotos nuas enviadas. Tal hábito é tão comum que a palavra ‘sexting’ consta nos dicionários americanos desde 2012. O problema, porém, é que tão comum quanto o ato são os vazamentos dessas fotos, tecnicamente íntimas, normalmente protagonizadas por adolescentes, para o infinito e inclemente público da internet.
Não por acaso, as fotos de Evan foram recriadas por modelos a partir de imagens reais, que de fato vazaram na internet. Para o fotógrafo, as contradições expostas fazem do tópico tema tão atualmente relevante. “As poses em minhas fotos enfatizam a repetitividade das imagens eróticas em nossa sociedade, enquanto os quartos em que as fotos são tiradas e a idade desses ocupantes se contradizem com as imagens extremamente sexualizadas, causando um incomodo em que vê, lembrando que cada salto que damos na direção da tecnologia e da conveniência há uma fenda igualmente profunda na qual podemos cair”.
© fotos: Evan Baden