Sou invisível? Ver o seu reflexo no espelho? Sou eu…
Em alusão ao dia da visibilidade lésbica me remeto a este texto para dialogar um pouco, sobre o pouco que sei de estratégias que deem conta da integralidade da saúde para as diferentes formas de vida e de escolha de viver, falo neste caso, das mulheres lésbicas que são invisíveis no acesso da garantia do direito a saúde.
Se as mulheres em todo o seu ciclo de vida são invisíveis quando a sua idade não esta contida na faixa denominada de idade fértil, como pode as mulheres lésbicas ser vistas onde a organização dos serviços de saúde se encontra no modelo heteronormativo. Por conta disso as mulheres lésbicas tem medo de assumir a sua orientação nos serviços por conta da discriminação quanto a sua sexualidade.
O sistema patriarcal coloca as mulheres sempre em situações de desvantagens em todos os aspectos nas condições de vida e quando aciona/adiciona outras categorias de identidade, ou seja, uma mulher negra lésbica vai ter consequentemente um maior agravamento no percurso da vida dessas mulheres.
A interseccionalidade é uma associação de sistemas múltiplos de subordinação, sendo descrita de várias formas como discriminação composta, cargas múltiplas, ou como dupla ou tripla discriminação, que concentra problemas e busca capturar as consequências estruturais de dinâmicas da interação entre dois ou mais eixos da subordinação (CRENSHAW, 2002).
Apesar de termos, em certa medida avanços políticos em relação à saúde das mulheres lésbicas (Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais/MS), a pratica da política no cotidiano de suas vidas como no acesso aos serviços de saúde, ainda permanece no campo da invisibilidade.
A pesquisadora Aline Bento (2012) realizou um levantado de estudos sobre a saúde das mulheres lésbicas e o que pode ser observado que ainda são inexpressivos sobre pesquisa relacionada a saúde da homossexualidade feminina quando comparada com a masculina, por exemplo, que por conta de fatores associados especificamente aos estudos sobre o HIV/Aids tem uma maior produção.
A visibilidade da saúde das mulheres lésbicas está no campo da equidade em saúde, o reconhecimento do sujeito de direito e da justiça social, no entanto para isso é necessário medidas práticas, que alcance os profissionais que estão na ponta, no nível local, a inserção do campo sobre orientação sexual em todos os formulários e prontuários de saúde, o reconhecimento do nome social e da identidade também dar caminhos para o novo olhar para a cidadã que chega.
*Por Emanuelle Goes – Enfermeira. Mestra em Enfermagem. Doutoranda em Saúde Pública. Coordenadora de Saúde do Odara Instituto da Mulher Negra