Revista Laroyê se propõe a mesclar linguagens artísticas utilizando aspectos da ancestralidade afroreligiosa
O movimento urbano, o arquétipo de Exu e as encruzilhadas soteropolitanas são alguns dos elementos que compõem o conteúdo da Revista Laroyê, projeto digital e coletivo que vai reunir trabalhos inéditos de escritores, poetas, fotógrafos e artistas visuais baianos ou que vivem na Bahia. O lançamento da edição nº 1 acontece neste sábado, dia 27 de fevereiro, às 19h, em live transmitida pelo canal da revista no Youtube.
Apesar de ser o idealizador do projeto, o curador e editor Tom Correia prefere destacar a força do trabalho coletivo que envolve mais de sessenta pessoas, entre autores convidados, profissionais de comunicação, produção e tecnologia digital. “De nada adiantaria ter uma ideia e não contar com gente tão talentosa e dedicada em torno de um projeto que surge em um momento tão complexo. A Laroyê chega também para que a gente se ampare através da arte, para que esses dias tenham um pouco mais de leveza”, pontua.
Realizado pela Fabiana Pereira Produções, em parceria com a Pau Viola, o projeto foi contemplado pelo Prêmio Anselmo Serrat de Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.
Nomes representativos – A primeira edição da Laroyê, que terá acesso sempre gratuito, terá crônicas inéditas de autores como Franklin Carvalho, premiado nacionalmente pelos seus livros de contos, Ângela Vilma, Evanilton Gonçalves e Mãe Valnizia Bianch, Ialorixá do Terreiro do Cobre. Além de textos inéditos de Franciel Cruz, Cleidiana Ramos, jornalista e doutora em Antropologia, e de Claudius Portugal, poeta e editor da Revista Exu.
Já as séries fotográficas serão assinadas por nomes consagrados como Aristides Alves, Shirley Stolze e Marcelo Reis, além de Amanda Oliveira e Lázaro Roberto, da Zumvi Arquivo Fotográfico. O Coletivo Cutucar, formado por cinco jovens do Subúrbio Ferroviário, é outro destaque da edição
Inspirações – A publicação é inspirada numa convergência de elementos artísticos, religiosos e digitais. Laroyê, por exemplo, nas religiões de matriz africana é uma saudação à divindade Exu, que é cultuado, principalmente, pela sua relação com a comunicação, a rua e as encruzilhadas. O projeto também se inspira na Revista Exu, publicada pela Fundação Casa Jorge Amado a partir de 1987. Em dez anos, foram 37 edições que veiculavam textos literários e trabalhos em artes visuais relacionados à cultura baiana, alcançando grande repercussão de público e crítica.