Criada pela arquiteta e produtora de moda Márcia Costa e pelo estilista e artista plástico Luciano Santana, Aboyê lança sua primeira coleção comercial, a DesataNó, após dois anos de pesquisas, ensaios e curtas aparições

Márcia Costa e Luciano Santana comemoram o nascimento da marca que defende o sistema slow fashion | Crédito: @jefersonfotografias_oficial

A Bahia continua sendo terreno fértil para criações originais de moda. A prova está na recém-nascida Aboyê (@aboye_brasil), que mal chegou ao mundo e já foi selecionada entre cinco marcas brasileiras revelação selecionadas pela Fashion for Future, programa de formação e conteúdo de moda sediado em Milão. (Ver em https://www.instagram.com/p/Cybi-nrJLRW/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==). Assinada pelo estilista, figurinista e artista plástico Luciano Santana e pela arquiteta, designer de produtos e produtora de moda Márcia Costa, a marca tem sua identidade costurada pela presença de técnicas manuais, como o crochê, bordado, ponto barra funda, rechilieu e renda de bilro, em tecidos como linho, cambraia de linho, malha de algodão e couro ecológico.

Contra o consumo desenfreado e produzida no sistema slow fashion , a mensagem da Aboyê para o mundo é de desaceleração, de valorização dos detalhes e de sabedoria vinda dos que nos antecederam. O seu nome significa Nascidos da Realeza e confirma o princípio norteador da grife: honrar a ancestralidade.  Suas peças nascem da colab com as cooperativas Rendavan em Candeias/BA, de rendeiras de bilro representada por D. Dinoélia, dona do título de mestra imortal e quinta geração de rendeiras de sua família; e Crochê, realizada por mulheres do bairro de Tancredo Neves. O resultado é o despojamento com elegância, e a regionalidade rompendo fronteiras numa linguagem estética encantadora e universalmente agradável.

DesataNó – Com esse código conceitual exclusivo, a Aboyê acaba de lançar sua primeira coleção comercial. Batizada de DesataNó, a coleção de entrada da grife chega com a simbologia de abertura de caminhos, inaugurando um novo momento, em que abandona o berço conceitual e entra no mercado, colocando pela primeira vez suas peças à venda. Apesar de ter nascido oficialmente em maio de 2021, a marca dedicou seus dois primeiros anos a pesquisas, ensaios e pequenas aparições em eventos, registradas no seu instagram @aboye_brasil.

Entre as peças estão calças, camisas, saias, blusas, vestidos e batas, com sugestões de sobreposições, perfeitas tanto para o casual quanto para o sofisticado, e donas de uma vocação facilmente reconhecível: a de roubar o olhar para o detalhe, revelando que aquela roupa carrega identidade, apuro estético e história. O branco e o cru predominam entre as cores e dão destaque ao traçado evolutivo do rechilieu industrial, ao crochê e às rendas de bilro originais.

Os criadores – A arquiteta, designer de produtos e produtora de moda Marcia Costa e o estilista e figurinista Luciano Santana já se surpreenderam diversas vezes pela sintonia afinadíssima que sempre marcou a sua amizade, mas não imaginavam que da comunhão entre visões de mundo e sonhos nasceria uma marca de roupas capaz de materializar os valores que sempre compartilharam como amigos e irmãos e pessoas de fé.

Fruto da inquietação de duas mentes criativas e observadoras da produção de moda ao longo dos anos, a Aboyê é a expressão de um desejo comum de usar a moda para desfilar o respeito ao planeta e às pessoas. “Percebemos que muita coisa bela estava simplesmente deixando de existir, como técnicas e modelagens artesanais que vêm sendo cada dia menos usadas. Então resolvemos trazê-las para o dia a dia, com releituras, referências e exaltação”, comenta Márcia Costa, que assina a pesquisa de referências das coleções, assim como a linha editorial e identidade visual da marca.

Responsável pela criação das peças e pela pesquisa de comportamento que origina as coleções, Luciano Santana conta que o nascimento da Aboyê o faz sentir como um filho que honra seus pais e avós e os considera reis e rainhas. “Queremos que as pessoas que irão usar nossas roupas se sintam lindas, exclusivas, especiais e orgulhosas de carregar e honrar a produção de mulheres artesãs, que perpetuam técnicas e saberes ancestrais”.