É como estou no presente tempo

Em trânsito, em transe, em movimento,

Sou uma criadora do meu tempo.

Uma mulher.

Evidenciar as vozes que calaram por séculos

Retirar a poeira que as engoliu.

Minha bandeira tem peitos pulando pra fora

Porque o domínio do macho não me come.

Não me comerá.

Sou subversiva e resisto.

Como a Frida, nunca me Kahlarei.

Mais mulheres nesta trincheira

De guerra.

Precisamos da resistência.

Da poesia elétrica dos corpos nus

Nas ruas prontas para o embate.

O mundo precisa da resistência

Das mulheres piradas,

Respondonas e sem rivotril

Da denúncia da submissão machista

Em transe, em movimento, sem salvação.

Foto: Robson B. Sampaio

Foto: Robson B. Sampaio

Estamos em meio ao jogo

Mas não somos ouvidas.

É preciso gritar.

Vozes coloridas e viscerais.

Letras, quadros, pinturas, corpos nus,

Bandeiras, discursos, livros, músicas, performances,

Texto e palavra. Muitas palavras.

Ao dizer que não estamos sós

Resistimos,

Resistiremos sempre.

Ser mulher.

Criadora do seu tempo.

Não se acomodar.

Vozes coloridas e viscerais ressoam

Pelo mundo.

Somos únicas.

Nós somos a armadura do mundo.
Mulheres, resistam!