Resolvi fazer esse texto para falar de um tema já bastante discutido, mas nunca inesgotável – até que se continue a alimentar a cultura machista e o patriarcado…
Mulheres são violentadas todos os dias, por hora, minuto, segundo. Parece que fomos conduzidas desde a infância a se submeter ao que os homens querem, pensam, dizem e escolhem. Eles decidem, nós os acompanhamos. Eles possuem a razão, nós os complementos. Não, não somos. E quando nos rebelamos, a violência impera.
Na educação doméstica, a mulher é subjugada e conduzida a falar mais baixo, ser recatada, obediente, plácida, gentil, boa, mas como se consegue ser boa/gentil/obediente/recatada quando o companheiro lhe pisa? Ainda assim, a educação patriarcal nos ensina a ser “feminina” e “CEDER”. A mulher tem que ceder e ser mais gentil, doce e e-qui-li-bra-da. Não pode alterar a voz, não pode responder ofensa, não pode barraco, não pode grito, não pode levantar a mão pra eles, mas o que aprendem os homens?
A cultura machista é cruel e desproporcional. Injusta quando ensina aos meninos – desde sempre – que são mais fortes, mais inteligentes, mais espertos e que, por este motivo, merecem a atenção do mundo. Homens são conduzidos a pensar que a mulher nasceu para andar atrás, seguir o rastro, ficar com o que sobrou, falar se houver espaço e quando for solicitada. Nunca desobedecer, expor opinião adversa, contrariar vontades, se rebelar. Por toda injustiça que sofrem, muitas mulheres violentadas também começam a bater.
Sim, é disso que vim falar.
Muitas mulheres cansam de apanhar e começam a bater, literalmente. Falou alto com ela, ela grita. Ele bateu na mesa, ela vira. Ele bate no rosto, ela quebra o carro. Ele humilha, ela o mata envenenado, tiro de pistola, etc. Um cíclico sistema envenenado pelo desejo de vingança, onde na tentativa de se defender, a mulher aprende apenas a alimentar um ódio descomunal na ânsia de bloquear a sua pele de novas feridas, novas agressões e humilhações.
Ela quer dizer NÃO a violência, mas mal sabe que está dizendo um SIM gigante reproduzindo aquilo que tanto odeia: a cultura machista. A mulher violentada deve ser racional para procurar ajuda e não se permitir ser conquistada pela cegueira do ódio e da violência. A vítima deve procurar ajuda fora ou nela mesma, mas nunca recorrer a retribuição da violência.
Mulheres que apanham não devem aprender a bater. Não podem. Não podem porque a violência, seja física ou não, não resolvem as coisas. A paz que a vítima procura não está no “revide” da agressão, mas na força da sua libertação. A paz que a vítima procura está no amor-próprio que ela já sentiu por ela mesma e na felicidade dos pequenos gestos que a faziam sorrir.
Mulheres que apanham não devem aprender a bater porque são provas vivas de que a dor não é a maneira mais humana de evoluirmos como ser humano. É a menos inteligente, a mais descabida, a pior forma.
Mulheres que apanham não devem aprender a bater. Mulheres que apanham devem aprender a amar em dobro, em triplo, se preciso for, múltiplas vezes. A ela mesma.
Mulheres que apanham não devem aprender a bater, mas a amar mais forte a vida e as possibilidades que ela nos oferece.
Pela liberdade de escolher ser amor todos os dias.
Menos violência, mais amor, por amor!