Faltavam uns quinze minutos para a meia noite de uma sexta-feira treze, de lua cheia, quando o povo do velho vilarejo da Bela Vista começou a se aglomerar em frente a casa de farinha. Dava-se ali mais um mistério da meia noite ou, como dizem, a saga de mais um causo nordestino…
– O que ta acontecendo aí, João?
– Tem um Lobisomem se transformando lá dentro, Zé!
O alvoroço tomou conta do local. Muitos moradores correram pra dentro de casa, se trancaram a rezar por medo da assombração.
Outros, mais metidos a corajosos, se aventuravam na frente da velha casa de farinha, armados de tochas de fogo, porretes, facões e foices.
Até que o valentão da rua chegou, num velho Chevette, querendo tomar partido do ocorrido. Ao saber do Lobisomem que estaria se transformando, não titubeou, sacou seu revolver 38 da cintura e bradou:
– Aqui pro Lobisomem, oh!
Um clima sombrio tomava conta do local, o relógio marcava meia noite, todos ficaram ainda mais apreensivos, a porta entre aberta da casa de farinha começou a abrir-se…
– Crrreeeemmmmmm…
Em um segundo a rua ficou esvaziada, tochas, porretes e foices foram jogados pra cima, os curiosos partiram em disparada para suas casas…
O valentão do Chevette? Ahhh, esse foi o primeiro a fugir.
E até hoje ninguém sabe se o tal Lobisomem era real, se saiu da velha casa de farinha, mas a história serve até hoje para assombrar a criançada nas festas juninas.