Lá vem o menino das cocadas. Franzino, de pequeníssima estatura, resistia ao vento forte e parecia compor aquela bela paisagem na Praia da Cueira. Ainda bambeando no português, a inocência aflorando o olhar denunciavam: era uma simples criança, que mal saíra das fraldas e já estava na lida, no labor para ajudar na renda familiar. Coisa de meninos de ilhas isoladas da dita civilidade. O divertimento maior? Ganhar uns trocos da turistada gente boa…
– Vai uma cocada, tio?
– Venha cá! Quais os sabores?
– Coco normal, queimado e coco com maracujá!
– Quero duas: coco queimado e maracujá. Tome cinco conto!
Com aparente nervosismo, por não ter familiaridade veterana no trato com dinheiro, o menino das cocadas gagueja ao devolver-me dois reais de troco.
– Não, nego, você tem que me dar apenas um real!
– Mas só tenho esse, tio.
– Então, não precisa me dar troco. Pode ficar! O troco é seu!
O brilho no olhar saltou na hora! A expressão de timidez logo deu lugar a um sorrisão. Saltitante, o menino das cocadas partiu a tagarelar sozinho, como se tivesse ganhado um prêmio, até sumir no horizonte daquela colossal coqueiral.