“A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressalto porque já está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado… A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto”…

O trecho da obra “Eu sei, mas não devia”, da escritora e jornalista Marina Colasanti, para mim nos remete ao que vem se tornando cada dia mais “comum” no nosso cotidiano. É o relógio que não para, as pessoas que não param para observar o que acontece ao seu redor, o que acontece em suas vidas… Ficamos presos ao tempo e aos novos hábitos de fazer tudo com o máximo de rapidez porque “time is money”, sem nos darmos conta de que a nossa vida está passando, e de repente não estamos sabendo aproveitá-la da melhor forma, sem observar os detalhes…

Arte: Juli Góes

Arte: Juli Góes

 

Ao acordar não percebemos que o dia está bonito, que alguém que amamos não está muito legal ou que acordou com um sorriso que nos contagiaria por todo aquele dia. Acabamos deixando a preocupação com a alimentação de lado, deixamos de enxergar até mesmo o local onde passamos, talvez a nossa vida inteira. Não percebemos o que realmente nos faria feliz.

Com o avanço da tecnologia, esse tipo de reação do homem se tornou ainda muito mais notória. O contato visual hoje é quase que algo obsoleto, de forma a nos deixar surpresos ao nos entreolharmos, gera muitas vezes um desconforto. Ficamos “bitolados” em nossos aparelhos telefônicos. Discutimos sobre trabalho, discutimos relação, tudo através dos celulares, das redes sociais, sem ao menos saber qual foi realmente a reação da outra pessoa, e adivinha? Muitas vezes estamos sentados um ao lado do outro! Louco isso, não?! Louco e triste…

Caminhamos nas ruas, sempre com muita pressa, sem ao menos olhar para ver o que está acontecendo, se há alguém interessante passando, alguém que poderia despertar quem sabe uma grande paixão, alguém que poderíamos ajudar, ou apenas só olhar… Só olhar…

Sinto falta das fofocas com as amigas pelos corredores da escola, sinto falta das cartinhas de amor da doce infância, sinto falta de sair por aí correndo, pulando, gastando energia, sinto falta do rosto de pessoas que não poderei ver mais nessa vida, sinto falta do abraço, do beijo, do aperto de mão… Do olhar…

Que tal se a gente parar um pouquinho, refletir sobre tudo isso e tentar, de pouco em pouco, OLHAR AO NOSSO REDOR…?