Quatro pavilhões, três femininos e um masculino, instalados em um prédio antigo e imponente na Cidade Baixa de Salvador são hoje o lar de 73 idosos na capital. Dona Dionéia Lima, 86, uma das moradoras, pode até não se lembrar bem da própria idade. Mas não falta orgulho nem lembranças quando conta que é a moradora mais antiga do Abrigo Dom Pedro II, que completa hoje 128 anos de fundação. Ela está lá há 55 anos e chegou ao lar que hoje acolhe idosos a partir dos 60 anos quando tinha apenas 31 e um diagnóstico de epilepsia.
O lugar que recebeu Dona Dionéia ainda jovem é um conjunto de prédios antigos, cercados de área verde e bem próximo ao mar, nos arredores da Boa Viagem. O prédio, contam funcionários, teria servido de casa de veraneio para o próprio Dom Pedro II, antes de virar Abrigo de Mendicidade, em 1887. Mas foi apenas em 1943 que o lugar passou a ser de exclusividade dos idosos.
Para eles, viver no abrigo é como ter uma nova família – são 47 mulheres e 26 homens divididos nos quatro pavilhões. Dona Lúcia Maria da Conceição, 73 anos, jura que recebe até visitas do namorado e conta com carinho dos passeios que faz com a equipe do abrigo. Já dona Ana Maria de Jesus, 66, que veio de Teófilo Otoni, interior de Minas Gerais, garante que de jeito nenhum entra em um avião de volta para a terra natal.
De acordo com a gerente do abrigo, Valéria Carvalho, o lugar funciona durante 24 horas e em todos os dias da semana. É o único abrigo público exclusivamente para idosos em Salvador. Todos os dias, os idosos têm à disposição uma equipe de cerca de 60 pessoas, entre assistentes sociais, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, fisioterapeuta, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e cuidadores.
Os abrigados do Dom Pedro II podem chegar ao lugar por conta própria, levados por familiares ou encaminhados por instituições como o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Delegacia do Idoso. Todo o atendimento é gratuito, mas segundo a administração, além da idade mínima, os idosos precisam estar lúcidos quando chegam. Além das atividades internas, como grupos de dança, artesanato, coral e esportes, como futebol, há sempre eventos. “Todas as datas são comemoradas e eles adoram, desde o São João até o Natal e os aniversariantes do mês. Nós fazemos karaokê, bingos, passeios, viagens, eles adoram!”, conta Valéria.