“Eu não sou candidato. Minha candidata é a Dilma Rousseff. E eu conto com vocês para divulgar isso e acabar com essa boataria”. Assim o ex-presidente Luiz Inácio da Silva abriu a entrevista coletiva para blogueiros esta semana, no Instituto Lula, em São Paulo. Lula desmentiu que será candidato este ano e brincou: “Isso eu não posso registrar em cartório, mas não sou candidato”.

Lula concedeu entrevista coletiva à blogueiros do Brasil, como fez em 2010 quando ainda era presidente. | Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Lula concedeu entrevista coletiva à blogueiros do Brasil, como fez em 2010 quando ainda era presidente. | Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O ex-presidente, que foi o primeiro mandatário a realizar uma entrevista coletiva com blogueiros no Brasil, em 2010, voltou hoje a falar para os profissionais da internet sobre diversos assuntos. Lula falou sobre eleição, manifestações, democracia, PT, Petrobras, economia, saúde, Copa do Mundo, AP 470, reforma política e outros assuntos.

Ele explicou aos participantes que não fala há muito tempo com a imprensa por ser ex-presidente, e que a sua percepção é de que “os meios de comunicação no Brasil pioraram do ponto de vista da neutralidade”. Lula disse ainda que a imprensa tem que colocar a verdade para a população. “Eles têm que ser pelo menos verdadeiros. Contra ou a favor, que a verdade prevaleça”.

Com relação à Copa do Mundo, Lula lembrou a comoção nacional quando o Brasil venceu a disputa para ser a sede do mundial e questionou: “por que a anulação disso agora?” O ex-presidente fez questão de explicar que “o dinheiro que está sendo utilizado na Copa do Mundo não foi retirado da saúde”. Disse ainda que “não teve nenhum país no mundo em que não se teve protesto durante a Copa”, e que “temos que ver que teremos o encontro das civilizações no Brasil proporcionado pelo esporte e isso é fantástico”.

Sobre o julgamento da AP 470, chamado de mensalão, Lula disse que espera viver para ver essa história ser contada novamente. “Quem sabe sejam vocês que vão recontar essa história?”, disse aos blogueiros.  O ex-presidente afirmou que precisa ser estudada a “participação e o poder de condenação” que a grande mídia teve durante este julgamento. Sobre a decisão do STF com relação ao julgamento do chamado mensalão tucano, o ex-presidente chamou de “dois pesos e duas medidas… os mesmos que defendiam a forca para José Dirceu, defendem um julgamento tranquilo para outros”.

Questionado sobre a atual conjuntura da Petrobras, o ex-presidente afirmou que em todos os anos eleitorais a oposição tenta emplacar uma CPI para investigar a estatal. “Eu penso que são pessoas que trabalham para enfraquecer a Petrobras. Se ela hoje vale 98 bilhões, no governo FHC ela valia 15 bilhões”. Lula disse ainda que a empresa deve ser motivo de orgulho para todos os brasileiros e que se for para investigar, que seja investigado. “A gente não pode é ficar permitindo que por omissão nossa, as mentiras continuem prevalecendo”.

Quando perguntado sobre a Lei Antiterrorismo, que foi proposta no Congresso, Lula foi enfático. “Não acho que o Brasil precisa dessa Lei, porque não tem terrorismo no Brasil. Fazer uma lei contra alguém que usa máscaras é impensável”. O ex-presidente disse que as manifestações representam a “sociedade em processo de evolução, tentando conquistar cada dia mais coisa. Aprendemos a fazer política, fazendo manifestação, fazendo greve. A democracia não é um pacto de silêncio”.

Sobre a Reforma Política, Lula disse que é favor de uma constituinte exclusiva para fazer a reforma Brasil. “A reforma política é a mais importante reforma que tem que acontecer neste país, sem ela todas as outras ficam muito mais difíceis”. Com relação ao financiamento público de campanha, o ex-presidente disse estar convencido de que é “a forma mais barata, mais honesta, de fazer eleição no Brasil, para o cidadão saber quanto custa o voto”.