Mesmo com uma sútil manobra, a valorização da cultural local, pauta de forrozeiros de responsa sim senhor, encabeçada por nomes como Bule Bule, Zelito Miranda, Val Macambira, Adelmário Coelho e Del Feliz, foi aprovada junto à ‘Lei da Sanfona’ ou ‘PL dos Forrozeiros’. Ao som de ‘Asa Branca’, forrozeiros baianos tomaram o plenário da Assembleia Legislativa, na última semana, para comemorar a aprovação por unanimidade do Projeto de Lei 22.334, que fixa cota de 60% para artistas que valorizam a cultura baiana “em festas como o São João, Carnaval e festejos religiosos”. A pauta inicial contemplava apenas festividades juninas.

Forrozeiros e parlamentares comemoram aprovação da Lei. | Foto: Alba

Forrozeiros e parlamentares comemoram aprovação da Lei. | Foto: Alba

A tribuna do Plenário, lugar dos embates políticos, foi tomada pelo resfolego das sanfonas… “Hoje é dia 16/ Dia da Alegria/ e os deputados nos deram/ nossa carta de alforria”, cantou o repentista Bule Bule. Del Feliz exaltou a “sensibilidade dos parlamentares em defender a cultura da Bahia”. Zelito Miranda, por sua vez, pediu uma salva de palmas para o parlamento: “Esse é um momento histórico para o forró baiano”. Carlos Pita lembrou de suas gestões junto a deputada Luiza Maia para a elaboração do primeiro projeto, há três anos.

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Desde 2012 uma proposta pedindo cotas de 70% para forrozeiros tradicionais da Bahia, nos festejos conveniados pelo Governo do Estado, de autoria de Maia, tramitava na Casa. Mas foi a pressão feita por uma parte desses artistas, no mês passado, em reunião comandada por Zelito Miranda e Del Feliz com o presidente do Legislativo, deputado Marcelo Nilo (PDT), quando despertou a atenção e cobrança da imprensa local, que se fez a coisa andar.

Figuras pitorescas do Legislativo, como deputado Pastor Sargento Isidório e sua inseparável Bíblia, a ícones do forró baiano. | Foto: Cadu Freitas/BnL

Figuras pitorescas do Legislativo, como deputado Pastor Sargento Isidório e sua inseparável Bíblia, a ícones do forró baiano. | Foto: Cadu Freitas/BnL

“A maior festa da Bahia é o São João, que ocorre em todos os 417 municípios do estado, por isso essa pauta tem todo meu apoio”, afirmou na época, Nilo. Era preciso consenso entre os parlamentares para a matéria tramitar com celeridade e com a dispensa das formalidades regimentais. Os líderes de governo, deputado Zé Neto (PT), e de oposição, Sandro Régis (DEM), entraram na jogada para viabilizar o projeto.

“Eu estou muito feliz! Houve pressão de boa parcela dos forrozeiros e essa Casa tomou juízo e aprovou esse projeto importante. Não é possível os nossos forrozeiros de raiz viverem aqui na penúria, enquanto artistas de fora levam todo nosso orçamento. Viva a força do forrozeiro e parabéns a Assembleia Legislativa”, afirmou Luiza Maia.

Forrozeiro Del Feliz e a deputada Luiza Maia. | Foto: Cadu Freitas/BnL

Forrozeiro Del Feliz e a deputada Luiza Maia. | Foto: Cadu Freitas/BnL

A primeira proposta, apresentada pela petista, ficou encalhada na Comissão de Constituição e Justiça. Agora, num “ato de apoio a valorização da cultura local”, permitiu que fosse utilizado como base para a nova matéria apreciada no plenário. Pelo regimento interno, esta nova proposição teria que ser apensada à de Luiza Maia. Além dela, assinaram o projeto os deputados Ze Neto (PT), Sandro Régis (DEM), Joseildo Ramos (PT) e Leur Lomanto Jr (PMDB).

A matéria seguiu para sanção do governador Rui Costa, que tem 180 dias para sancionar. O disposto na nova legislação deverá entrar em vigor no São João do próximo ano.