“Nasce o sol a 2 de julho, brilha mais que no primeiro. É sinal que neste dia até o sol é brasileiro”… A manhã ainda era tímida e o orvalho resfriava a face de milhares de baianos e baianas que, vestidos de branco, com sandálias de couro, ziguezagueavam pelos becos e vielas do Centro Antigo de Salvador rumo ao Largo da Lapinha, palco da concentração para o tradicional Cortejo do 2 de Julho, comemoração máxima da história da Bahia, marca da independência do Brasil no estado.
Antes do cortejo passar, por volta das 7h de uma manhã acinzentada, mas que logo ficaria ensolarada para saldar a Independência da Bahia, do Santo Antônio Além do Carmo ao Barbalho, moradores enfeitavam a fachada de suas casas. Tudo para saudar este dia memorável. O clima era de paz, civismo e comemoração.
Nas calçadas, ladeados por milhares de policiais militares, ambulantes se aprumavam, com suas caixas de isopor coloridas, para vender suas “Piriguetes”, “3 por R$ 5”. Churrasquinhos e as tradicionais feijoadas ajudavam a endossar o cheiro peculiar desta festividade baiana.
Turistas se amontoavam pelas vielas, largo do Pelô, curiosos, tirando centenas de selfies de tudo que lhes parecia típico da Bahia.
Em meio às imagens do caboclo e da cabocla, um grupo cobrava o retorno do nome do Aeroporto de Salvador, outrora “Dois de Julho”.
Depois do salamaleico oficial, na cerimônia de abertura da festa, que contou com a participação do governador do estado, Jaques Wagner, e do prefeito de Salvador, ACM Neto, o cortejo foi iniciado. Já passava das 9h30 e o sol, a essa altura, mostrava mesmo que é brasileiro. Castigava os milhares de pessoas que se espremiam rumo ao Pelourinho…
Em ano de eleição, sobrou hostilidade entre os “pitbuls” de partidos do governo e da oposição. Todos disputavam, literalmente, no tapa, empurra-empurra, cotoveladas e até socos espaço e visibilidade no trajeto.
Em meio a vaias e aplausos, depois que o cortejo engrenou, todos desfilaram sem mais percalços.
Quem vai pela primeira vez pode estranhar, de início, é confusa e nada atrativa a saída do cortejo, mas ao longo do caminho a andança se revela um dos mais belos festejos populares da Bahia. A tal baianidade nagô é sentida á flor da pele. É lindo de se ver! Um salve ao Dois de Julho.