A literatura popular e, sobretudo a de Cordel, não perde força, mesmo com os avanços e “atravancos” da “geração hiperlink”, em que o acesso cada vez mais rápido e dinâmico à informação, tem criado uma nova relação com a leitura.

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Xilogravuras ilustram as capas na Literatura de Cordel. Foto: Reprodução.

Xilogravuras, capas ilustradas em papel de cor clara, diversão e declamações empolgadas, rimas, oitavas e palavreado sertanejo. A literatura de Cordel chegou ao Brasil através dos portugueses e, o tempo e a cultura, se encarregaram de dar uma fôrma diferenciada e regional aos poemas e textos de folheto.
O nome Cordel faz referência direta à forma em que os textos costumavam ser expostos em Portugal: em varais. Cordas esticadas e paralelas, onde os cordelistas penduravam suas obras, enquanto tentavam conquistar o público e comercializar a sua arte. Sobretudo no Brasil, para atrair pessoas e, também, em alusão ao trovadorismo medieval, as apresentações de Cordel geralmente são acompanhadas de musicalidade: pandeiro, viola e gaita.
A literatura de Cordel começou na Bahia e a partir daí, expandiu-se pela região nordeste e, depois, por todo o Brasil. É por conta disso que o estado, ainda hoje, representa um forte remanescente dessa tradição. Em 2013, a XI edição da Bienal do Livro Bahia, reservou um espaço especial para a literatura de cordel: a Praça de Poesia e Cordel. Diversos cordelistas baianos se apresentaram, entre eles Antonio Barreto e Bule-bule.

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Praça de Poesia e Cordel na Bienal do Livro Bahia, 2013. Foto: Reprodução.

A Bahia, além de berço do Cordel, tem sido muito importante no processo de manutenção dessa cultura. Além da praça na Bienal do Livro, a cidade de Feira de Santana estreou, em novembro do mesmo ano, o projeto “Pacto do Cordel”. Com esta iniciativa, os responsáveis, prefeitura e ONCAF (Ordem Nordestina dos Cordelistas e Artistas Populares), prepararam um espaço de integração com a literatura popular e a poesia nordestina, no centro comercial da cidade.
Por todo o país, centenas de manifestações culturais são preservadas cuidadosamente por famílias, comunidades, tribos, grupos e indivíduos. O Cordel, e os outros vários nichos culturais, são fundamentais na formação da história do Brasil, e de seu povo, e é por isso que continuam a acontecer do Oiapoque ao Chuí, desde os tempos mais remotos.